Hematology, Transfusion and Cell Therapy | 2021

DIVERSIDADE ÉTNICA DE CANDIDATOS A DOAÇÃO DE MEDULA ÓSSEA E OS DESAFIOS PÓS PANDEMIA DA COVID-19

 
 

Abstract


\n Introdução\n O transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) permite a substituição de células-tronco hematopoiéticas (HSCs) doentes, ou deficitárias, por HSCs de um doador saudável. Aproximadamente 70% dos pacientes que necessitam de um transplante de células-tronco hematopoiéticas não possuem doadores compatíveis na família, necessitando de doadores voluntários não conhecidos. O sucesso do TCTH é condicionado à compatibilidade entre genes do tipo HLA. No Brasil, país com alta taxa de miscigenação, a probabilidade de se encontrar um doador compatível fora do núcleo familiar, é de 64% na fase final do processo. Sabendo-se disso e com a intenção de reunir informações sobre os doadores voluntários de medula óssea para transplante, foi criado no Brasil, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), que reúne mais de 5,2 milhões de doadores cadastrados.\n \n Objetivos\n Mapear a diversidade étnica dos candidatos a doação de medula óssea cadastrados no sistema REDOME e elucidar os desafios que o TCTH enfrenta com a pandemia da Covid-19.\n \n Materiais e métodos\n Levantamento de dados previamente disponibilizados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, considerando, em números absolutos e percentuais, o perfil étnico e demográfico de candidatos a doação de medula óssea no período de 2013 a 2020, no Brasil, além de abordar a importância da manutenção do cadastro de doadores e o enfrentamento da Covid-19 no transplante de células-tronco hematopoiéticas.\n \n Resultados\n Até o ano de 2020, totalizaram-se 5.304.714 doadores cadastrados no REDOME, um aumento de 163,4%, quando comparado ao ano de 2013, nos cadastros de doadores voluntários, o que representa uma média anual de 280 mil novos registros. Quando observado a distribuição de doadores e receptores por regiões do Brasil, nota-se que a maior demanda provém da região Sudeste (56%) e não consegue ser suprida pela concentração de 44% de doadores na mesma região, diferentemente da região Norte, que compõe 5% dos receptores, sendo a região com menor centralização, e 7% dos doadores. Ao observar a etnicidade dos doadores, 54,21% se autodeclaram brancos, já os receptores ocupam uma porcentagem de 65,09%.\n \n Discussão\n A partir dos resultados, é evidenciado que, apesar de um número razoável de doadores já exista, as campanhas de captação de novos doadores devem ser focadas em doadores geneticamente diferenciados e na manutenção de dados dos já cadastrados. No presente cenário brasileiro, o TCTH enfrenta um novo desafio: a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2), desencadeou uma preocupação mundial quanto à redução do número de doadores de sangue e manutenção dos estoques de sangue, principalmente devido às medidas de distanciamento social recomendadas pela OMS. Dentre as estratégias observadas para reorganizar a rede assistencial visando a absorver o aumento da demanda hospitalar destacaram-se: a mudança da rotina hospitalar, com adiamento de procedimentos e internações eletivas e mudança de perfil, para a realocação e destinação exclusiva de leitos para internação de pacientes com Covid-19, evidenciado através da redução de 21,38% dos novos cadastros.\n \n Conclusão\n o Brasil não apresenta um cenário favorável aos pacientes que esperam pelo procedimento, sendo crucial a mobilização dos diversos setores de saúde, ainda sendo perceptível como a pandemia da Covid-19 afetou o cadastramento de novos voluntários, assim como a realização dos procedimentos.\n

Volume 43
Pages S254 - S254
DOI 10.1016/j.htct.2021.10.431
Language English
Journal Hematology, Transfusion and Cell Therapy

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