Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ | 2021

Narrativas de um real em ruínas: dois momentos da literatura portuguesa pós-25 de abril

 
 

Abstract


Diversos críticos têm apontado para uma espécie de recuperação do realismo na narrativa portuguesa contemporânea, especialmente naquela produzida após o fim do Estado Novo e a consequente descolonização dos territórios africanos. Se o período entre as décadas de 30 e 70 do século XX foi marcado por silenciamentos e censura, após a Revolução dos Cravos, em 1974, vemos o surgimento de vários romances que trazem principalmente o tema da Guerra Colonial como foco. Por outro lado, alguns desdobramentos desse contexto, como a condição dos retornados na sociedade portuguesa, parecem surgir somente em um momento posterior, sobretudo a partir da década de 90, e vem ganhando novo fôlego no século XXI. Nesse sentido, este artigo propõe-se a realizar uma análise do que identificamos como dois momentos de abordagem do real na literatura portuguesa contemporânea: o primeiro, voltado para os anos imediatamente após a Revolução dos Cravos e observando um foco maior no cenário da Guerra Colonial, a partir das obras Os Cus de Judas (1979), Autópsia de um mar de ruínas (1984), A Costa dos Murmúrios (1988) e Jornada de África (1989); e o segundo recorte a partir do final do século XX e até o início da segunda década do século XXI, com as obras O esplendor de Portugal (1997), Caderno de memórias coloniais (2009) e O retorno (2012), que já trazem uma atenção especial à situação dos retornados. Em comum, os dois momentos acabam por identificar uma realidade de ruína, especialmente do imaginário criado pelos discursos do Estado Novo.

Volume None
Pages None
DOI 10.12957/matraga.2021.58843
Language English
Journal Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ

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