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Autoficção como um procedimento literário na literatura de César Aira

 

Abstract


A variedade das abordagens ao fenomeno autoficcional e o dissenso ainda em expansao quanto a sua conceituacao e limites sao as motivacoes centrais para a proposta de ler a autoficcao como um procedimento literario. Para tanto, parte-se da observacao de que os efeitos provocados pela autoficcao — evidenciar a ficcionalidade da propria ficcao, num exercicio especular; colocar em suspeicao a reversibilidade imediata gerada pela metonimia: “Eu inscrito na propria ficcao - Eu biografico do escritor” —, decorrerao sempre de um movimento particular. A autoficcao, assim, sera considerada neste trabalho como o emprego, caso a caso, de formulas para a producao de narrativas cujo resultado tem se mostrado sui generis, da ordem do “irrepetivel”. O emprego de elementos composicionais de longa tradicao no cânone literario para a construcao de autoficcoes sera considerado tanto no movimento de fusao do nome do autor e de sua propria obra ficcional, quanto na direcao da ruptura e perturbacao dessa identidade autoral que decorre de gestos como arrebanhar o nome proprio e/ou pre-anunciar uma ficcao autorreferenciada. A autoficcao sera lida, portanto, como um procedimento ad hoc cujas implicacoes e especificidades operam contra as tentativas de se universalizar caracteristicas e elementos composicionais que atuam nessas obras. Nesse sentido, acredita-se que o escritor Cesar Aira, pelo relacionamento ambivalente com as narrativas autoficcionais e por sua concepcao de literatura, expressa em ensaios como “Particularidades absolutas” de 2001, serve para ilustrar tal proposta de leitura.

Volume 2
Pages 153-163
DOI 10.24220/2595-9557v2n2a4679
Language English
Journal None

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