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A crise do valor da ciência

 

Abstract


O valor da ciência passou a ser alvo de disputa política nos discursos governamentais nestes últimos dois anos. Documentos oficiais, manifestos de cientistas e matérias jornalísticas têm evidenciado esses conflitos. Neste contexto, objetivo deste artigo é, então, discutir, a partir da teoria semiótica de linha francesa, os modos como o valor da ciência estão construídos nos discursos, considerando os percursos temáticos e figurativos e sua inter-relação, inserindo-o num universo cognitivo específico, inscritos em objetos ora materiais, utilitários e breves, ora imateriais, universais, democráticos e longevos. Além disso, mostraremos que o emprego das operações tensivas, graduais e dinâmicas, ajudam a explicar o valor do valor da ciência: a sintaxe extensiva da triagem e mistura e a sintaxe intensiva da tonificação e atonia demonstram como se dão as restrições excessivas de campo ou a mistura indiferenciadora dos domínios cognitivos e pragmáticos que envolvem a noção de ciência. Para a análise, levaremos em conta os sites, documentos e editais governamentais (CAPES e CNPq), manifestos, artigos e sites de pesquisadores e entidades científicas e reportagens publicadas nos anos de 2019-2020. Observamos que as discrepâncias e tensões que envolvem os valores difundidos nos discursos governamentais em relação aos dos discursos dos pesquisadores e organizações científicas impedem um diálogo produtivo.

Volume 2
Pages 01-13
DOI 10.25189/2675-4916.2021.V2.N1.ID353
Language English
Journal None

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