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Avoidable deaths in the extreme south of Bahia: Infectious and parasitic diseases/ Óbitos evitáveis no Extremo Sul da Bahia: doenças infecciosas e parasitárias/ Muertes evitables en el extremo Sur de Bahía: enfermedades infecciosas y parasitarias
Abstract
Objective: this study’s objective was to analyze mortality rates due to Infectious and Parasitic Diseases in the extreme south of Bahia, Brazil, from 2008 to 2018. Methods: this descriptive study addressed data concerning avoidable deaths (i.e., deaths that are prevented when appropriate health promotion, preventive measures, control actions, and care are implemented) in the population aged from 5 to 74, available in the Brazilian Mortality Information System. Results: a total of 1,347 deaths were reported between 2008 and 2018 in the extreme south of Bahia, Brazil. A prevalence of deaths was found among men in all the years, 61.17%; individuals with no education were the most frequently affected, with 321 deaths; the age range in which the highest number of deaths was concentrated was 30 to 44 years old, 35.47%. Infectious and parasitic diseases causing the highest number of deaths were HIV-Aids, Tuberculosis, and Diarrhea/Gastroenteritis of suspected infectious origin. Conclusion: deaths caused by infectious and parasitic diseases are closely linked to socioeconomic factors along with accelerated population growth, lack of basic sanitation, and urban expansion. Descriptors: Communicable diseases. Parasitic diseases. Mortality. Social determinants of health. RESUMO Objetivo: este estudo propôs analisar as taxas de mortalidade por Doenças Infecciosas e Parasitárias do Extremo Sul da Bahia no período de 2008 a 2018. Métodos: trata-se de um estudo descritivo que considerou os dados referentes aos óbitos por “causas evitáveis” na população entre 05 a 74 anos, reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, prevenção, controle e atenção às doenças de causas infecciosas, disponibilizados no Sistema de Informação sobre Mortalidade. Resultados: entre os anos de 2008 e 2018 foram notificados 1.347 óbitos no Extremo Sul da Bahia. Foi observada prevalência de óbitos em pessoas do sexo masculino, em todos os anos, representando 61,17%; a classe notificada com nenhuma escolaridade foi a mais afetada, com 321 óbitos; o intervalo de idades em que se concentrou o maior número de óbitos foi de 30 a 44 anos, representando 35,47%. As doenças infecciosas e parasitárias com maior ocorrência de óbitos foram HIV-Aids, Tuberculose e Diarreia/Gastroenterite de origem infecciosa presumível. Conclusão: as mortes por doenças infecciosas e parasitárias possuem estreita relação com fatores socioeconômicos, bem como aos processos de crescimento populacional acelerado, falta de saneamento básico e expansão urbana. Descritores: Doenças transmissíveis. Doenças parasitárias. Mortalidade. Determinantes sociais da saúde. RESUMEN Objetivo: este estudio se propuso analizar las tasas de mortalidad por Enfermedades Infecciosas y Parasitarias en el Extremo Sur de Bahía en el período de 2008 a 2018. Métodos: se trata de un estudio descriptivo en el que se consideraron los datos de las muertes por causas evitables en la población de 05 a 74 años, que pueden reducirse con acciones adecuadas de promoción de la salud, la prevención, el control y la atención de enfermedades de causa infecciosa, disponibles en el Sistema de Información de Mortalidad. Resultados: entre los años de 2008 y 2018, se notificaron 1347 muertes en el Extremo Sur de Bahía. Se observó la prevalencia de las muertes en personas del sexo masculino, en todos los años, representando el 61,17%; la clase notificada sin escolaridad fue la más afectada, con 321 muertes; el intervalo de edad en el que se concentró el mayor número de muertes fue el de 30 a 44 años, que representó el 35,47%. Las enfermedades infecciosas y parasitarias con mayor incidencia de muertes fueron el VIH-SIDA, la Tuberculosis y la Diarrea/Gastroenteritis de posible origen infeccioso. Conclusión: las muertes por enfermedades infecciosas y parasitarias están estrechamente relacionadas con factores socioeconómicos, así como con los procesos de crecimiento demográfico acelerado, la falta de saneamiento básico y la expansión urbana. Descriptores: Enfermidades Transmisibles. Enfermidades Parasitarias. Mortalidad Determinantes Sociales de la Salud. 1 Universidade Federal do Sul da Bahia, Centro de Formação em Ciências da Saúde, campus Paulo Freire. Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil. [email protected] Orcid: https://orcid.org/0000-00028986-9102 2 Universidade Federal do Sul da Bahia, Centro de Formação em Ciências da Saúde, campus Paulo Freire. Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil. [email protected] Orcid: https://orcid.org/0000-0003-15325994 3 Universidade Federal do Sul da Bahia, Centro de Formação em Ciências da Saúde, campus Paulo Freire, Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Biodiversidade, Universidade Federal do Sul da Bahia. Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil. [email protected] Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8036-299X ISSN: 2238-7234 Santana ALCM, Lima GC, Oliveira GL. Avoidable deaths in the extreme south of Bahia.. 8 Portuguese Rev Enferm UFPI. 2020;9:e798 doi: 10.26694/reufpi.v9i1.798 INTRODUÇÃO As transformações sociais, econômicas e demográficas, ocorridas nos últimos anos, favoreceram significativamente às mudanças nos padrões de morbimortalidade em todo mundo. Entretanto, percebe-se que o Brasil ainda enfrenta problemas com mortalidades evitáveis.1 Ao longo dos anos, diversos estudos foram realizados, a fim de delimitar o conceito de “mortalidade evitável”, bem como pontuar alguns fatores relacionados aos cuidados de saúde que têm potencial impacto nos seus resultados. As características individuais e sociais como escolaridade, classe social, faixa etária, assim como crenças de saúde, custo do diagnóstico, tratamento, acesso aos cuidados (Programas de Saúde Pública e Programas comunitários) e intersetorialidade, por exemplo, são fatores que podem estar diretamente ligados à determinação da probabilidade de contrair a doença e sua evolução. No Brasil, o conceito de “morte evitável” adotado oficialmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sugere que se trata de morte por um agravo ou situação que poderia ser prevenida pela atuação dos serviços de saúde. Sendo assim, elas ocorrem quando o sistema não consegue atender às necessidades de saúde, apresentando falha na identificação de fatores determinantes e fragilidade na intervenção. A Lista Brasileira de Mortes Evitáveis apresenta duas classificações: para menores de 05 anos e para pessoas de 05 a 74 anos de idade. Para compor cada lista foram selecionados, segundo a Classificação Brasileira de Doenças, os códigos e seus agrupamentos discutidos e revisados por especialistas. Para classificar e tabular os dados do grupo etário de 05 a 74 anos, o SUS conta com cinco agrupamentos: reduzíveis por ações de imunoprevenção; reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, prevenção, controle e atenção às doenças de causas infecciosas; reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, prevenção, controle e atenção às doenças não transmissíveis; reduzíveis por ações adequadas de prevenção, controle e atenção às causas de morte materna; reduzíveis por ações intersetoriais adequadas de promoção à saúde, prevenção e atenção às causas externas. Esses dados podem ser encontrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), criado em 1975 pelo Ministério da Saúde, e serve de base para o preenchimento da Declaração de Óbito (DO). As informações permitem delinear o perfil de morbidade de uma área, de doenças mais letais e as doenças crônicas não sujeitas a notificação, representando, praticamente, a única fonte regular de dados nesses casos. Entretanto, o SIM ainda apresenta problemas de cobertura em algumas áreas geográficas do País, como as regiões Norte e Nordeste, dificultando a construção de indicadores. A partir de 1996, as declarações de óbito passaram a ser codificadas, utilizando a 10a Revisão da Classificação Internacional de Doenças CID-10. As doenças infecciosas e parasitárias (DIPs) se encaixam nas classificações de causas de “óbitos evitáveis” e são de grande importância para a saúde pública, pois estão diretamente associadas a questões socioeconômicas e às condições inadequadas de vida, enquadrando-se como patologias relacionadas a condições de habitação, alimentação e higiene precárias, o que provoca preocupação e um olhar atento para os determinantes sociais da saúde. Embora as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias pelo mundo se apresentem em declínio, no Brasil, essas patologias ainda ocupam um grande papel entre as causas de morte, além de diferenças significativas nas diferentes regiões do País, com destaque para as regiões Norte e Nordeste. Diante disso, o presente estudo propôs apresentar as taxas de mortalidade por DIPs do Extremo Sul da Bahia no período de 2008 a 2018.