Representações do gênero feminino na ficção e seu impacto no repertório cultural de alunos do Ensino Fundamental II

Abstract

Este trabalho apresenta uma proposta de intervencao pedagogica, desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Letras da UFJF, direcionada para uma turma de nono ano do Ensino Fundamental de uma escola publica do estado de Minas Gerais, na cidade de Juiz de Fora, na qual se observaram, por meio de registros no banheiro publico escolar, discursos misoginos e depreciativos destinados a alunas. Tal questao fomentou o objetivo principal do trabalho: tornar os alunos conscientes de seu repertorio cultural e literario relacionado a representacao ficcional da mulher e proporcionar uma ampliacao desse repertorio atraves do exercicio de autoria criativa dirigida a construcao de personagens femininas, intermediada pelo contato com obras literarias e filmicas que lhes apresentem novos modelos concernentes a questao. Espera-se que, com isso, inspiremos uma reflexao nos alunos que leve a quebra de estereotipos com relacao, principalmente, as mulheres, bem como a uma percepcao mais profunda da complexidade humana. Como base para a construcao das personagens e das narrativas, utilizamos fundamentos do RPG (Role Playing Game), aliados aos arquetipos de personagem, de Campbell (1949), bem como os conceitos de personagem plana e esferica, conforme Forster (1969), e ser e parecer, de Todorov (2013). O trabalho tambem se apoia no arcabouco teorico que se segue: o conceito de letramento literario (COSSON, 2016, 2018; PAULINO E COSSON, 2009); o repertorio do texto (ISER,1996); a concepcao de comunidade de leitores (CHARTIER, 1994); o sistema literario (EVEN-ZOHAR, 1990); genero, androcentrismo, patriarcado, Machismo e Feminismo (BUTLER, 2010; FEDERICI, 2017; GARCIA, 2015); e Modelos Cognitivos Idealizados (LAKOFF, 1987). A fim de estreitar a ponte entre teoria e pratica, adotamos a orientacao metodologica da pesquisa-acao para este processo interventivo, segundo Thiollent (1986). Outrossim, aplicamos uma pesquisa piloto remotamente em um grupo voluntario de 22 alunos para testagem do formato proposto de ficha de personagem, por meio do qual se comprovou a possibilidade de mapear os modelos idealizados dos alunos em seus discursos.