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UM OLHAR SOBRE A EJA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS: UM PROJETO HORIZONTAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PROTAGONIZADO POR ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E TRABALHADORES E TRABALHADORAS EM REGIME DE TERCEIRIZAÇÃO

 
 

Abstract


Este artigo é resultado do trabalho final da disciplina de Educação de Jovens e Adultos EJA, ministrada pela Profa. Dra. Sandra Fernandes Leite na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP e objetiva visibilizar aspectos da história e funcionamento de um projeto de EJA intitulado “Coletivo EJA”, que é vinculado ao Instituto de Economia IE da UNICAMP. O Coletivo EJA está em funcionamento desde meados de 2001 e é apoiado enquanto Extensão por meio de edital PEC. Ele foi resultado da iniciativa de estudantes da Universidade e segue sendo desenvolvido pelo profundo envolvimento de estudantes vinculados ao grupo, tendo como enfoque os trabalhadores terceirizados que prestam serviços de manutenção, limpeza e alimentação à Universidade. As múltiplas vulnerabilidades dos trabalhadores terceirizados, como redução e atraso de salários, maior exposição à acidentes de trabalho e doenças, impossibilidade de organização sindical, demissões arbitrárias, em uma longa lista de ataques aos direitos trabalhistas, tem sido denunciados por diversos especialistas em direito e sociologia do trabalho (MAIOR, 2015; CUT, 2014; ANTUNES & DRUCK, 2013). A contemporaneidade do racismo à brasileira, simbólico e estrutural (GELEDÉS, 2013), reflete-se na composição do mercado de trabalho (DIEESE, 2013, p. 3). Neste caminho, o trabalho terceirizado é demarcado por abarcar os corpos que são historicamente colocados no limiar da sociedade, pessoas negras, sobretudo mulheres (CHAVES, 2014, p. 8-9). O fato de sermos mulheres negras estudantes de uma universidade pública, elitizada e com a maioria de seu corpo docente, discente e de trabalhadores técnico administrativos (concursados) composto por pessoas brancas também foi de extrema importância para entendermos o espaço e posicionamento político do Coletivo EJA como um coletivo que pensa e contribui para a luta por um outro modelo de Universidade. A EJA ainda carece de políticas educacionais efetivas, problema que se reflete na ausência de diretrizes curriculares específicas para o ensino superior, visando garantir a formação de profissionais da educação capacitados para atender suas especificidades (LEITE, 2013, p. 24-25). Isso pode ser percebido por nós ao lermos as ementas das disciplinas do curso de Pedagogia e das disciplinas oferecidas pela FE para os cursos de licenciatura e nas críticas que tem sido expressadas nas avaliações do curso de Pedagogia da Unicamp. Ao ser garantido um espaço de reflexão sobre a EJA na disciplina que cursamos, foi possível conhecermos outras perspectivas de educação, pensar os currículos dos nossos cursos de graduação e até mesmo a padronização de corpos e trajetórias nos espaços escolares.

Volume None
Pages 43-47
DOI 10.34112/1980-9026A2016N29P43-47
Language English
Journal None

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