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ESTÁGIO SUPERVISIONADO UMA VISITA À REFLEXÃO CRÍTICA DA PRÁTICA DOCENTE
Abstract
O presente artigo foi trabalho apresentado na finalização da disciplina EP911 – Estágio Supervisionado Anos Iniciais do Ensino Fundamental II na Faculdade de Educação Unicamp, no segundo semestre de 2015, sob a orientação da professora Adriana Varani, que teve como objetivo viver e reconhecer o trabalho pedagógico realizado pela escola e em especial pela turma específica em que ocorreu o estágio e também elaborar e implementar um projeto de atuação em parceria com a professora. Esta proposta de estágio também acabou por ressaltar a importância da construção conjunta de saberes, em que o aluno estagiário e os educadores da escola se “comunicam” a respeito do “objeto cognoscível”, comunicam-se a respeito da criança, refletem juntos sobre os determinantes da realidade que os circunda, elaboram em conjunto conhecimentos, e atuam sobre as circunstâncias com objetivo de transformá-las (FREIRE, 2000; FREIRE e OLIVEIRA, 2002). O estágio ocorreu no 1° ano de uma escola Municipal de Ensino Fundamental quefica situada numa periferia da cidade de Campinas (na região Norte), sendo constituída por projetos de casa populares (CDHU e Minha Casa Minha Vida) e a população, em sua maioria, são de origem nordestina, negros e pardos. A escola, de ensino regular, é de grande porte, com 12 (doze) salas, funciona em três turnos (da 1° a 5° ano no período da manhã, da 6° a 9° ano à tarde e a noite Educação de Jovens e Adultos (EJA) e alfabetização de adultos ligado à Fundação Municipal para Educação Comunitária (FUMEC). Ela recebe alguns alunos/as de inclusão. Segundo IDEB de 2013 (único que tivemos acesso), a escola se encontrava em “risco”, pois a meta alcançada foi muito abaixo do esperando – 3,1, quando o esperado era de “4,3”. O estágio realizado produziu e vem produzindo em mim uma inflexão profunda do meu papel político e pedagógico, como sujeito de responsabilidade histórico e social de alteridade. Penso que há uma ordem social vigente que coisifica as relações sociais, indignificando o homem, que amplifica os atos de barbáries e naturaliza a violência (tanto do Estado como das civilizações). Acredito, entretanto, que há um movimento necessário, de outra possibilidade de socialização do homem, baseado numa desconstrução do todo e do tempo, no tempo da vida pautada pelo capitalismo, como uma única subjetividade e objetividade do ser concreto. O estágio deu-me oportunidade de aprofundar em pensamento e em práticas cotidianas as contradições que vivemos na educação, através das noites investidas em estudos e debates coletivos, na sala de aula e, fora dela, dentro das lutas sociais do cotidiano da escola estagiada. O estágio também me fez pensar na postura do agir ético (KRAMER, 2013) docente, na responsabilidade de que temos ao ir a campo para experienciarmos o trabalho de professor e tentarmos extrair do contexto escolar as reflexões importantes e pertinentes para nossa formação, profissional e humana. Sabendo que a nossa formação neste processo acaba construindo marcas e deformações (ARROYO, 1999), na observação e participação no estágio na educação básica, dentro do contexto sociocultural e histórico das crianças, e do seu capital cultural (BOURDIEU, 2001). Neste processo, senti-me atravessado por tudo isso, no acompanhamento do estágio para entender e desconstruir os preconceitos existentes. Não sei se consegui superar todos existentes em mim, mas já é um começo em pensar que existe e tenho que aprofundar mais. Estas reflexões fazem muito sentido para mim e para minha futura prática docente, mesmo que já faça educação para além das formalidades da profissão de ser professor.