Revista De Letras | 2021
A figuração de paradigmas emergentes na literatura infantojuvenil: análise de A terra dos meninos pelados
Abstract
O percurso tracado pela literatura infantil evidencia um deslocamento da ideia de instrumento formativo para um meio de expressao artistica, capaz nao so de contribuir para o processo de formacao individual do leitor, como tambem de amplia-lo por meio da incorporacao de paradigmas emergentes, que compreendem esse agente como participante e a quem o texto passa a pertencer mediante a possibilidade que se tem de, entre outras coisas, tecer intertextualidades, atribuir sentidos as construcoes formais, questionar e problematizar situacoes e formas de abordagem de determinadas tematicas.\xa0\xa0 Considerando esse cenario, o presente artigo empreende uma analise da narrativa A terra dos meninos pelados ([1937] 2015), de Graciliano Ramos, de carater qualitativo-interpretativista, com foco na mobilizacao de procedimentos esteticos e tematicos categorizados entre paradigmas importantes para o desenvolvimento da historia da literatura infantil. Para tanto, pauta-se na linguagem literaria como invencao, na concepcao da crianca como ser em formacao (GREGORIN FILHO, 2011), na intertextualidade (CUNHA, 2012) e no tratamento de tematicas fraturantes (RAMOS; NAVAS, 2015). O corpus da pesquisa constitui-se da propria narrativa infantil e de leituras gerais (BUENO, 2016) e especificas (RAMOS FILHO, 2016) da obra de seu autor. Os resultados da analise evidenciam a integracao da obra em diferentes movimentos, a saber, em um conjunto mais amplo da producao de seu autor e, tambem, na consolidacao da literatura infantil como producao autonoma, nao desvinculada da ludicidade e da formacao de seus leitores, mas nao submetida a finalidades objetivas impostas por conveniencias sociais.