III ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM | 2021

Experiência docente

 
 

Abstract


Nos anos 1990, no contexto do desenvolvimento da Internet e das tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), novos processos são desenvolvidos no âmbito do que se convencionou chamar de Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento . O fluxo de mudança e as adequações à nova realidade, alcançou o campo da Arquitetura e Urbanismo, tanto na prática profissional (em escritórios de arquitetura), como no meio acadêmico, nas universidades públicas e particulares (CELANI; FRAJNDLICH, 2016). No ensino de Arquitetura no Brasil, as primeiras discussões sobre a aplicação de uma disciplina obrigatória de desenho assistido por computador emergiram, quando a portaria 1770/94, do MEC (Ministério da Educação e Cultura), fixou novas diretrizes e conteúdos mínimos, tornando a informática aplicada à Arquitetura e Urbanismo uma disciplina obrigatória. A partir desse marco, diante das novas tecnologias, inicia-se a introdução da informática, como disciplina e como área de conhecimento. Segundo a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), a reestruturação curricular de 1994 envolveu diferentes aspectos, entre eles, a necessidade sentida socialmente pela comunidade profissional e acadêmica (professores e alunos) de atualizar a formação desenvolvida nas escolas, dada as novas dimensões apresentadas pela atuação profissional. Atualmente, no âmbito do ensino aprendizagem da Arquitetura e Urbanismo, a informática é tratada nas disciplinas de computação gráfica e nas disciplinas de Projeto. De acordo com Barison e Santos (2010, 2011), essa prática se tornou mais frequente, e se intensificou entre 2006 e 2009. Entre os apontamentos dos autores quanto ao emprego dessa prática, estão as estratégias e abordagens ligadas ao nível de competência que o aluno deve alcançar em relação à atividade que será exercida na prática profissional. Nesse contexto, passados mais de vinte anos da portaria 1770/94, do MEC que torna a informática parte do cotidiano acadêmico dos alunos de Arquitetura e Urbanismo, ainda existem questionamentos dos professores que ministram a disciplina e a busca pelo aprimoramento das práticas, relacionando o objeto de estudo com as necessidades formativas desses alunos. Desta forma, ao entender a necessidade de aprofundar e compreender mais sobre BIM no ensino de Arquitetura e Urbanismo, a presente pesquisa busca entender o processo de migração do ensino de desenho digital feito através do AutoCAD para o Building Information Modeling (BIM), assim como a aplicabilidade do software de plataforma BIM nos desenhos que os acadêmicos realizam em seus estágios. Neste sentido, esta pesquisa relatada a experiência vivida por uma das autoras, no primeiro semestre letivo dos anos 2019 e 2020, durante a disciplina eletiva de Computação Gráfica I, do curso de Arquitetura e Urbanismo em uma Instituição de Ensino Superior particular localizada no Centro-Oeste brasileiro. Na ocasião, durante o semestre letivo, foi ministrado aos acadêmicos do 5° semestre, dos períodos matutino e noturno, o ensino de Revit, (software de plataforma BIM) para a instrução de softwares de desenho digital. Com uma média de 15 alunos, as salas de aula continham equipamentos e o suporte para que houvesse a explicação detalhada dos comandos/ferramentas, computador e projetor para a demonstração dos comandos/ferramentas do software pelo professor, assim como o software Microsoft Revit 2017, instalado nos computadores que eram utilizados individualmente pelos acadêmicos. A disciplina descrita neste relato, com carga horária total de 80 horas, tinha como objetivo, a criação de desenho digital 2D e 3D para a representação de projetos arquitetônicos, através da abordagem teórico-prática, aplicando como método, a demonstração detalhada dos comandos/ferramentas do Microsoft Revit e, em seguida, a aplicação prática no processo de criação de componentes, elementos arquitetônicos e mais adiante, modelos de projeto arquitetônico. Especificamente, este estudo buscou demonstrar a influência no aprendizado que o conhecimento prévio de outros softwares tem sobre o aprendizado do Revit, assim como o grau de competência adquirido pelos discentes ao longo da disciplina e a aplicabilidade no mercado da construção civil. No final de cada semestre, a análise dos resultados indicou que o aluno que já possuía algum conhecimento prévio em outro software AutoCAD teve um melhor entendimento inicial das ferramentas/comandos do Revit, seja pela similaridade entre os mesmos ou pela familiaridade na utilização do desenho digital. Aqueles que, pela primeira vez, tiveram contato com o desenho digital, iniciando no Revit, relataram maior dificuldade em compreender a função das ferramentas e principalmente, a percepção em relação à dimensão (2D e 3D). Entre todos os discentes, o primeiro grupo, que recebeu aulas no ao de 2019, e que tinha conhecimento prévio em AutoCAD, se observou um nível de aprendizado mais elevado que o grupo do seguinte semestre (2020), alunos dos quais, a maioria não possuía contato prévio com AutoCAD. No período, enfatiza-se o formato de ensino remoto no ano letivo de 2020, onde os discentes receberam a capacitação de forma on-line, durante o qual, foi observada a diminuição do ritmo de aprendizado. Em relação ao nível de competência, Succar, Sher e Williams (2013) descrevem níveis onde vários incrementos de capacidade podem ser usados \u200b\u200bpara fins de medição e comparação. O Índice de Competência Individual (ICI) é uma versão simplificada do modelo de desempenho desenvolvido por Benner (1984) e inclui cinco níveis distintos. De acordo com esta análise, notou-se que aos estudantes participantes da pesquisa iniciaram a disciplina no Nível 0 de competência (nenhuma) e foi possível, ao final da disciplina, atingir o Nível 2 (intermediário) que denota uma compreensão conceitual sólida e alguma aplicação prática. De forma majoritária, observou-se que apesar do nível de conhecimento adquirido estar em nível suficiente para o desenvolvimento de projetos com o uso do Revit, os discentes não utilizaram o software fora das atividades da disciplina, pois o mercado de trabalho da região, todavia não implementou o uso do BIM, em uma porcentagem considerável, impedindo assim, o aperfeiçoamento no uso do Revit através da prática durante as atividades de estágio do acadêmico.\nApresentação no YouTube: https://youtu.be/e-7CC_y7dPo

Volume None
Pages None
DOI 10.46421/enebim.v3i00.309
Language English
Journal III ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM

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