Revista Brasileira de Alfabetização | 2021

POR UMA ALFABETIZAÇÃO À MARGEM ESQUERDA

 

Abstract


O ensaio tem como objetivo principal demonstrar que o desenvolvimento da consciência fonológica, princípio fundante de metodologias de alfabetização, repete a mesma lógica empregada pelo capital ao fazer do trabalho uma atividade alienante. Em oposição a esse princípio o ensaio evoca o seu oposto, o desenvolvimento da consciência gráfica, como um princípio emancipatório.\xa0 Para apresentar o primeiro princípio, o ensaio retoma um artigo de magazine publicado em 1994 nos EUA, um relatório apresentado à Câmara dos Deputados do Brasil, em 2003, um pequeno livro do Plano Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) de 2012, e o Decreto Federal n.9765 de 2019.\xa0 Para apresentar o segundo, recorre à história da criação da escola pública para os trabalhadores na França no século XIX e a artigos de dois pesquisadores franceses, Jean Foucambert e Élie Bajard. As conclusões sugerem que o princípio fonológico, originário nas ciências da natureza, pratica a lógica do capital por ignorar a totalidade, fragmentar os materiais constitutivos das palavras e desqualificar o papel dos sentidos. O princípio da consciência gráfica, abrigado nas ciências humanas, considera a totalidade, qualifica os sentidos e, em vez da alienação, promove a emancipação. O primeiro torna a alfabetização um tripalium, fatigante e alienante; o segundo uma poiésis, tempo de liberdade e reflexão.

Volume None
Pages None
DOI 10.47249/RBA2021528
Language English
Journal Revista Brasileira de Alfabetização

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