Revista Ágora | 2021
Brenda Lee e o acontecimento discursivo da aids, década de 1980 em São Paulo
Abstract
Problematizo aqui a ênfase discursiva dos jornais Folha e Estado de São Paulo em torno do acontecimento da aids nos anos 1980, que cruza alvos da biopolítica à disciplinarização do corpo. Abordo as práticas de normalização violenta, de controle, governamento, agenciadas na e pela discursividade da imprensa, que participaram da subjetivação de travestis, naqueles anos. Ao destacar Brenda Lee, realço histórias de re-existências à lógica cis e heterocentrada que pensa a doença como sendo própria das travestilidades. Considerando que “gênero” é histórica e discursivamente construído/subvertido, destaco os jogos de verdade por meio dos quais e a partir dos quais travestis foram levadas a dar sentidos às suas existências. E os modos como desestabilizaram discursos que se obstinam em naturalizar a morte e a doença como destino de certas corporeidades.