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A metáfora, o Enem e a democracia

 
 

Abstract


O presente trabalho buscou problematizar os sentidos de “democracia” nas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo deste trabalho se insere no atual contexto educacional e político do país, em que as garantias dos direitos civis estão ameaçadas e em que consideramos necessário, na posição de docentes da Educação Básica e do Ensino Superior, discutir as disputas pela significação/validação da categoria “democracia” dentro de uma política curricular nacional avaliativa de acesso aos cursos de graduação. A fundamentação teórica se construiu no intenso debate entre a teoria do discurso e a teoria política, a partir de Ernesto Laclau e seus interlocutores. O procedimento metodológico de análise dos itens do Enem observou a estrutura e a proposta de gabarito da questão, indicando como as significações de “democracia” possibilitaram ou não produções de subjetividades ativas. Em linhas gerais, nossas reflexões foram construídas a partir dos discursos produzidos sobre a categoria “democracia” dentro das questões referentes ao tema da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) nas edições de 2009 até 2017. A hipótese inicial deste trabalho observou que a democracia é uma potente metáfora para conjugar conteúdos voltados para formação cidadã, ainda pouco explorada pelo exame. Em termos de conclusão, destacamos que o conceito de “democracia” ficou mais restrito a uma concepção tradicional de direito ao voto, mobilizando poucos outros sentidos. Ao mesmo tempo, constatamos que o Enem reforçou a produção de discursos que tenderam a antagonizar o período da Ditadura Civil-Militar com o período da história política do país que se inicia em 1985,\xa0 apresentando poucos eixos conectivos entre tais momentos históricos.

Volume 27
Pages 834-857
DOI 10.5335/REP.V27I3.12385
Language English
Journal None

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