Entre muitos fatores, os ativos invisíveis que fazem as crianças se destacarem academicamente são frequentemente negligenciados. Entre eles, o conceito de capital cultural é crucial para a compreensão desse fenômeno. Capital cultural se refere aos ativos sociais que os indivíduos possuem na sociedade, como educação, inteligência, maneiras, estilo de vestir e redes sociais. Esses ativos ajudam a melhorar a mobilidade social e a ganhar um status social mais alto em uma sociedade estratificada.
O valor do capital cultural reside na sua capacidade de prever, até certo ponto, o potencial de uma pessoa para o sucesso acadêmico.
Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, o capital cultural é dividido em três tipos: capital corporificado, capital reificado e capital institucionalizado. Essas três formas de capital cultural desempenham um papel importante na operação do sistema educacional, e o desempenho acadêmico das crianças é frequentemente influenciado por esses capitais implícitos.
O capital cultural incorporado é o conhecimento e as habilidades adquiridas por um indivíduo durante o processo de socialização. Esse tipo de capital não pode ser transmitido diretamente, mas seu processo de formação está intimamente relacionado ao ambiente familiar e à interação social. Por meio da influência da família, os estilos de vida, hábitos e modos de pensar das crianças são remodelados.
A capacidade linguística e de comunicação das crianças fazem parte de seu capital cultural incorporado, o que afeta seu desempenho na escola.
O capital cultural incorporado inclui bens pessoais, como obras de arte, instrumentos científicos, etc. Esses objetos não têm apenas valor econômico, mas também simbolizam o status cultural de quem os possui. No entanto, compreender o valor e o significado cultural desses objetos exige que os indivíduos tenham conhecimento prévio adequado.
Se os alunos que possuem obras de arte não tiverem a capacidade de entender seu significado cultural, então esse capital cultural incorporado não desempenhará seu devido papel.
O capital cultural institucionalizado refere-se às qualificações acadêmicas e certificados profissionais que as pessoas obtêm no sistema educacional formal. Essa forma de capital cultural desempenha um papel social importante no mercado de trabalho. Ela transforma o capital cultural de um indivíduo em capital econômico e o avalia com base na demanda do mercado.
Muitos estudos mostraram que a origem familiar e o capital cultural da classe alta afetam diretamente o desempenho acadêmico das crianças. Crianças com rico capital cultural têm mais probabilidade de ter sucesso na escola porque são capazes de se adaptar à cultura escolar e estabelecer melhores relacionamentos benéficos com professores e colegas.
O capital cultural não apenas molda o ambiente de aprendizagem das crianças, mas também afeta seu futuro status social.
Portanto, ao explorar as razões pelas quais as crianças têm desempenho diferente na escola, não podemos ignorar a existência de capital cultural invisível. Para crianças de diferentes origens, a aquisição e o uso do capital cultural podem ser uma vantagem ou desvantagem significativa em seu caminho para o sucesso.
Embora o conceito de capital cultural tenha sido amplamente adotado para explicar desigualdades educacionais e sociais, ele também enfrentou uma série de críticas. Alguns acadêmicos apontaram que o conceito de capital cultural proposto por Bourdieu carece de uma definição clara. Além disso, alguns pesquisadores até sugeriram que a teoria de Bourdieu é muito determinística e ignora a agência individual.
No entanto, outros acadêmicos expandiram esse conceito e exploraram a aplicação específica do capital cultural em diferentes campos sociais, como o impacto do desenvolvimento tecnológico no capital cultural e como ele reproduz a desigualdade entre diferentes grupos sociais.
Na sociedade atual, o capital científico e cultural se tornou uma nova vantagem competitiva. Como dominar e usar esses recursos afetará diretamente o desenvolvimento futuro das crianças.
No sistema educacional, frequentemente vemos alguns alunos com maiores desempenhos acadêmicos, que geralmente têm bom apoio familiar e herança cultural. Crianças que têm uma vantagem em capital cultural têm mais probabilidade de ter sucesso acadêmico, mas essa vantagem é muitas vezes subestimada. Sob tais circunstâncias, a desigualdade surge naturalmente nas expectativas da sociedade em relação às crianças e na distribuição de recursos.
Finalmente, o impacto do capital invisível nas escolas não pode ser ignorado. Como podemos promover a equidade educacional no futuro para garantir que cada criança possa competir em uma linha de partida igual?