Em 2012, as Filipinas aprovaram a Lei de Paternidade Responsável e Saúde Reprodutiva (conhecida como Lei de RH ou Lei de Saúde Reprodutiva), marcando um passo importante no planejamento familiar e na saúde reprodutiva do país. A lei visa proporcionar acesso universal a métodos contraceptivos, controlo da gravidez, educação sexual e cuidados de saúde materno-infantil. Embora as suas disposições sobre saúde materno-infantil sejam amplamente reconhecidas, a exigência da lei de que o governo e o sector privado financiem e distribuam amplamente dispositivos de planeamento familiar, tais como preservativos, pílulas anticoncepcionais e dispositivos intrauterinos, permanece controversa. A aprovação da lei foi controversa, com académicos, instituições religiosas e políticos a expressarem o seu apoio ou oposição.
Apesar da controvérsia, a aprovação da lei de RH é vista como uma grande oportunidade para melhorar a situação de fertilidade das famílias pobres.
No cerne da lei está a exigência de que o governo "promova, sem prejuízo, todos os métodos naturais e modernos eficazes de planeamento familiar que sejam seguros e legais". Além disso, a lei exige que o governo garanta que todas as mulheres tenham acesso a cuidados e aconselhamento de uma forma humana e sem julgamentos quando necessitarem de tratamento para complicações de um aborto espontâneo. A aprovação da lei não só protege os direitos de saúde reprodutiva das mulheres, mas também tem um impacto profundo no desenvolvimento futuro das famílias pobres.
Historicamente, a lei de saúde reprodutiva das Filipinas começou em 1967, quando o então presidente Marcos assinou a Declaração da População. Desde então, a política de fertilidade do país sofreu muitas mudanças e a experiência tem demonstrado que, na maioria dos casos, o rápido crescimento populacional está intimamente relacionado com a pobreza. Nas Filipinas, as dificuldades de planeamento familiar ocorrem principalmente entre as famílias pobres, e muitas mulheres não têm informação ou acesso a contraceptivos, levando a taxas mais elevadas de gravidezes não planeadas.
De acordo com uma pesquisa, 71% dos entrevistados apoiam a Lei RH, demonstrando a demanda e preocupação do público com o planejamento familiar.
Nas fases iniciais da implementação da lei, muitos opositores preocuparam-se com o impacto que esta poderia ter nas liberdades individuais e questionaram a racionalidade da atribuição de fundos pelo governo para este fim. Os opositores argumentam que o controlo da natalidade não deve ser financiado com o dinheiro dos contribuintes, sublinhando que entra em conflito com a saúde pública e com a escolha pessoal. Os defensores, no entanto, argumentam que fornecer opções adequadas de saúde reprodutiva aliviaria o fardo financeiro das famílias pobres, permitindo-lhes cuidar e criar melhor os seus filhos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 5,7 mulheres morrem todos os dias nas Filipinas por causas relacionadas à gravidez e ao parto. Os defensores da lei de SR acreditam que a aprovação da lei ajudará a reduzir a mortalidade materna e infantil e a melhorar a saúde reprodutiva geral. Apelaram ao governo para que aumente o investimento na saúde reprodutiva, incluindo a educação e a melhoria da qualidade dos serviços das instalações médicas.
A promoção da lei de SR permitirá às mulheres ter maiores escolhas no planeamento familiar, o que promoverá ainda mais o bem-estar geral da sociedade.
Por outro lado, a concepção e as medidas do método RH também levantam dúvidas razoáveis sobre a sua sustentabilidade. Os especialistas salientam que a implementação de leis por si só não pode resolver completamente o problema do crescimento populacional. A causa profunda reside na pobreza e na desigualdade social. Portanto, a implementação da lei precisa de ser combinada com políticas abrangentes de desenvolvimento social para reduzir de forma mais eficaz as taxas de pobreza e melhorar a qualidade de vida.
Tal como outros países na história enfrentaram desafios na promoção de políticas de saúde reprodutiva, as Filipinas também enfrentarão várias dificuldades na implementação da lei. Para as mulheres, o acesso a serviços de saúde reprodutiva de alta qualidade não é apenas um direito concedido por lei, mas também uma forma importante de melhorar a qualidade de vida. No entanto, ainda levará tempo para observar e avaliar se esta lei pode realmente resolver a contradição entre a pobreza e o crescimento populacional.
Enquanto todos os setores da sociedade discutem a Lei de RH, poderíamos também pensar em como proteger a autonomia de cada mulher nas escolhas reprodutivas para promover a saúde e a felicidade das mulheres?