Todos os anos, o Dia da Sobrecarga da Terra (EOD) é um momento importante que atrai a atenção global. Quando este dia chegar, significa que os recursos consumidos pela humanidade naquele ano excederam os recursos que a Terra pode regenerar no mesmo ano. O Dia da Sobrecarga da Terra de 2024 está agendado para 1º de agosto. Este conceito faz as pessoas pensarem: na era actual de rápido aumento do consumo, quanta actividade humana pode a Terra suportar?
Quando as necessidades humanas excedem os recursos renováveis da Terra, esta entra num estado de défice ambiental.
De acordo com a Global Footprint Network, em 2024, em apenas sete meses, a procura humana excederá os recursos renováveis anuais da Terra. Ao longo da maior parte da história humana, a utilização dos nossos recursos manteve-se aproximadamente dentro da capacidade regenerativa da Terra, mas isto mudou fundamentalmente no início da década de 1970. Desde então, o consumo humano excedeu a capacidade de regeneração da Terra.
De acordo com uma avaliação da Global Ecological Footprint Network, as necessidades humanas atuais são equivalentes aos recursos de mais de 1,7 Terras. Estes dados mostram que poderemos precisar dos recursos de duas Terras antes de meados do século XXI. Esta escassez de recursos não é apenas uma questão ambiental, mas também pode levar ao stress económico e à agitação social.
As alterações climáticas são uma consequência clara das emissões de gases com efeito de estufa e os seus impactos são generalizados.
O chamado défice ecológico não significa simplesmente o esgotamento dos recursos. Os relatórios da Pegada Ecológica mostram agora que a procura de recursos pela humanidade, incluindo recursos renováveis e a capacidade de remover dióxido de carbono, excede o que a Terra pode regenerar. A continuação desta situação conduzirá ainda mais ao desequilíbrio ecológico.
No entanto, esta visão não é isenta de controvérsia. Alguns cientistas questionaram a forma como o Dia da Sobrecarga da Terra é calculado, dizendo que as avaliações das florestas e das pescas podem ser excessivamente optimistas, argumentando que os dados não reflectem com precisão a realidade da gestão da terra e da água.
Os cálculos da pegada ecológica revelam a lacuna entre as necessidades humanas e a regeneração de recursos.
Mathis Wackernagel, fundador da Global Ecological Footprint Network, disse que o problema dos solos pobres deveria ser incluído no cálculo da pegada ecológica, mas actualmente não existem dados suficientes para apoiar isto. Ao melhorar continuamente estes cálculos, poderemos compreender melhor o impacto da atividade humana no planeta.
Dependendo do ano, a hora de chegada do Dia da Sobrecarga da Terra também muda. Em 2020, devido ao confinamento causado pela epidemia, o EOD foi adiado para 22 de agosto, o que mostra quão profundo é o impacto e a dependência excessiva das atividades humanas contemporâneas na gestão dos recursos da Terra.
Como salientam alguns grupos ambientalistas, o padrão de consumo contínuo dos recursos da Terra deve mudar. À medida que vários problemas ambientais se tornam cada vez mais graves, as mudanças na estrutura social e económica são inevitáveis. Portanto, melhorar a eficiência na utilização dos recursos e explorar estilos de vida mais sustentáveis tornaram-se prioridades máximas.
É possível satisfazer as necessidades crescentes da humanidade sem consumir mais do que a capacidade renovável do planeta?
Todos deveriam pensar sobre como os recursos são utilizados e considerar como encontrar soluções sustentáveis dentro das condições ambientais existentes. Perante uma crise na utilização de recursos, o que podemos fazer para mitigar este desafio? Como alcançar o crescimento económico e o progresso social respeitando o ecossistema terrestre? Esta não é apenas uma consideração académica, mas também uma questão prática que todos os cidadãos da terra deveriam enfrentar.