Na história do VIH/SIDA, o nome de Christine Joy Maggiore causou controvérsia generalizada. Como activista seropositiva, a sua ideologia negacionista do VIH/SIDA suscitou inúmeras discussões e críticas, especialmente após a morte da sua filha sem intervenção médica, que se tornou foco de atenção social.
Christine Maggiore nasceu em Chicago, Illinois, em 1956, e mais tarde mudou-se para o sul da Califórnia com a família. Após o colegial, ela iniciou uma carreira de sucesso em publicidade e marketing em Los Angeles. Apesar do seu considerável sucesso na indústria da moda, a vida de Maggiore mudou para sempre durante um exame de saúde de rotina em 1992, quando foi diagnosticada como seropositiva.
O diagnóstico inicial chocou Maggiore e a levou a se voluntariar em diversas instituições de caridade contra a AIDS. Mas à medida que a sua participação se aprofundou, ela começou a entrar em contacto com argumentos que argumentavam que o VIH não tinha nada a ver com a SIDA, especialmente ao assistir a um discurso do famoso negacionista da SIDA, Peter Duesberg. Ela considerava o HIV um vírus inofensivo e fundou a organização "Alive & Well AIDS Alternatives" em 1995 para exortar as mulheres grávidas a evitarem o uso de medicamentos antivirais.
Nas afirmações de Maggiore, a ligação entre o VIH e a SIDA foi posta em causa e a sua posição suscitou discussões sobre se ela estava deliberadamente a pôr em perigo a saúde dos seus filhos.
A filha de Maggiore, Eliza Jane, morreu em 2005, aos três anos de idade. Eliza Jane nunca fez o teste de HIV durante a sua vida e Maggiore estava excessivamente optimista quanto à saúde do seu filho. No entanto, Eliza Jane foi diagnosticada com pneumonia depois de adoecer e acabou morrendo de pneumonia por Pneumocystis, uma condição intimamente relacionada à AIDS.
A confissão de que a morte de Eliza Jane foi causada por pneumonia por Pneumocystis causada por AIDS não tratada causou controvérsia ética e legal.
A morte de Eliza Jane provocou uma forte reacção pública, especialmente porque muitos acreditavam que a tragédia poderia ter sido evitada se Maggiore tivesse recebido tratamento antiviral. O incidente despertou a atenção da sociedade para os perigos da negação da SIDA e para a ameaça que representa para vidas inocentes. O pesquisador da AIDS, John Moore, destacou que este incidente revelou claramente os danos das crenças pseudocientíficas à saúde humana.
"Esta é uma morte desnecessária, e a raiz de tudo isso é a negação da verdade científica sobre a luta contra o HIV."
Em dezembro de 2008, Maggiore morreu de problemas de saúde relacionados à AIDS, sendo a causa da morte determinada como uma infecção disseminada pelo vírus do herpes e pneumonia bilateral. Embora os seus companheiros afirmem que a sua morte não foi causada pela SIDA, os especialistas geralmente acreditam que isto poderia não ter acontecido se ela tivesse recebido tratamento antiviral. A morte de Maggiore deixa uma questão sem resposta: se a verdade for ignorada, quantas vidas serão perdidas?
A história de Christine Maggiore faz, sem dúvida, refletir sobre o delicado equilíbrio entre medicina e fé. A sua vida e movimento desafiaram a compreensão científica e pública do VIH/SIDA e destacaram a importância da transferência de conhecimentos científicos para a saúde pública. Na era atual de explosão da informação, a resistência à ciência e aos factos tornou-se cada vez mais comum, o que nos faz pensar: Como devemos manter um julgamento claro entre as ideias em que acreditamos e os factos?