No mundo microscópico da matéria, as ondas de densidade de carga (CDW) são um fenômeno misterioso e interessante. Representa um estado de fluido quântico no qual os elétrons formam padrões de ondas específicos e transportam coletivamente uma corrente elétrica sob condições específicas. A existência do CDW não só desafia a nossa compreensão básica da matéria, mas também desperta o interesse de investigação em fenómenos de supercondutividade a alta temperatura.
A existência do CDW se deve à manifestação específica da dualidade onda-partícula dos elétrons nos sólidos, e sua densidade de carga mostra mudanças periódicas no espaço.
Simplificando, uma onda de densidade de carga é um fluxo ordenado de elétrons que geralmente se forma em materiais unidimensionais ou bidimensionais. Quando o movimento dos elétrons é afetado por uma série de interações, a distribuição dos elétrons não é mais uniforme, mas forma o que é chamado de "onda". Esta flutuação faz com que a densidade de carga produza flutuações regulares no espaço, semelhantes ao fenómeno das ondas estacionárias numa corda de guitarra. Os estados destes electrões podem ser considerados como duas ondas que interferem uma na outra.
Curiosamente, a formação de CDW também é acompanhada por deformações periódicas da rede cristalina, o que significa que, no nível microscópico, a estrutura atômica também muda.
Já na década de 1930, o físico alemão Rudolf Peierls previu as propriedades de onda de densidade de carga de metais unidimensionais. Ele propôs que quando a temperatura é reduzida a um determinado valor, a mudança no estado de energia do metal unidimensional deixa de ser estável, formando eventualmente um gap de energia, que é a famosa transição de Peierls. A temperatura desta transição é chamada de temperatura de transição de Peierls (TP). Nessa temperatura, a presença de onda elétrica vaga tem um impacto importante na condutividade do material.
Em 1954, Herbert Fröhlich propôs uma teoria microscópica que explica como as interações de elétrons e fônons levam à formação de CDWs. Ele ressaltou que em baixas temperaturas, os elétrons se acoplam fortemente com fônons de números de onda específicos, formando assim CDWs. Este acoplamento permite que os elétrons fluam de forma integral sob certas condições, despertando o interesse de pesquisas em supercondutividade, especialmente materiais envolvendo CDWs, cujos mecanismos de condução são por vezes semelhantes aos supercondutores tradicionais.
Do ponto de vista da mecânica quântica, o comportamento do CDW pode ser considerado como um fluxo de elétrons altamente correlacionado, semelhante ao emparelhamento de Cooper na supercondutividade.
Em alguns materiais em camadas, como os dichalcogenetos de metais de transição, a formação de CDWs abrange o acoplamento de múltiplos números de onda, o que resulta no surgimento de diferentes modos de onda de elétrons. Este processo pode criar diferentes modulações de carga periódicas, como estruturas em favo de mel ou padrões xadrez. A observação dessas estruturas é crucial para a compreensão dos mecanismos do fluxo de elétrons, e os pesquisadores fizeram observações diretas usando microscopia crioeletrônica.
As primeiras pesquisas sobre as propriedades de transmissão de CDW em condutores unidimensionais originaram-se da hipótese de 1964 de supercondutividade em certos compostos de cadeia polimérica. A teoria da época previa que estes materiais poderiam exibir supercondutividade a uma temperatura crítica mais elevada, no entanto, medições reais descobriram que eram mais propensos a sofrer uma transição de metal para isolante, que foi a primeira evidência observada da transição de Peierls.
Em materiais reais, o movimento dos RCD não é livre e muitas vezes é fixado pela ação de impurezas. Isso é conhecido como fenômeno de “fixação”, o que significa que o CDW encontra resistência durante o movimento, resultando em um fluxo de corrente instável. Os modelos para estudar este fenômeno incluem o clássico modelo senoidal-Gordon e o modelo de fixação aleatória, que se dedicam a explicar como os campos elétricos afetam o movimento dos CDWs.
Essas teorias fornecem uma estrutura importante para a compreensão do comportamento de transmissão do CDW, mas na realidade o CDW é sempre acompanhado por várias instabilidades.
Nos últimos anos, pesquisadores descobriram que o CDW exibe fenômenos quânticos sob certas condições, como o efeito Aharonov-Bohm. Estas observações revelam a natureza quântica do transporte de elétrons nos CDWs e fornecem algumas evidências experimentais de que o movimento dos CDWs é afetado por campos magnéticos externos.
Neste vasto mundo eletrônico, a operação de ondas de densidade de carga revela muitas leis e fenômenos físicos desconhecidos. À medida que as experiências relevantes progridem, a nossa compreensão continua a aprofundar-se. Que novas descobertas e aplicações esta misteriosa dança eletrônica trará?