Durante meados do século 20, a terapia do sono profundo (TSD) tornou-se um método de tratamento controverso em psiquiatria. A prática tem sido por vezes acompanhada de consequências chocantes, especialmente no Hospital Privado de Chelmsford, na Austrália, onde acontecimentos trágicos levantaram questões profundas sobre a eficácia e a ética do tratamento.
O protótipo da terapia do sono profundo remonta ao início do século XX. O psiquiatra escocês Neil Macleod foi um dos primeiros médicos a tentar introduzir o sono na terapia psiquiátrica. Ele usou brometo de sódio para induzir o sono em um pequeno número de pacientes psiquiátricos, porém sua prática foi rapidamente abandonada por outros médicos, possivelmente por ser considerada muito prejudicial ou precipitada.
Com o tempo, este método de tratamento foi aceito e promovido por vários psiquiatras proeminentes, especialmente na Grã-Bretanha e na América do Norte nas décadas de 1950 e 1960.
O psiquiatra suíço Jakob Klaesi popularizou a terapia do sono profundo na década de 1920, usando uma mistura de dois barbitúricos chamados Somnifen. Esse método gradualmente se tornou popular nos hospitais psiquiátricos da época, especialmente para tratar pacientes com esquizofrenia.
Entre 1962 e 1979, o Dr. Harry Bailey realizou terapia do sono profundo no Hospital Privado de Chelmsford, em Nova Gales do Sul. Seu tratamento geralmente envolve coma prolongado induzido por barbitúricos e é indicado para uma variedade de transtornos psiquiátricos, incluindo esquizofrenia e depressão.
Durante este processo, pelo menos 25 pacientes morreram devido ao tratamento, e este incidente tornou-se uma história sombria na comunidade médica.
À medida que a pressão pública aumentava, surgiu uma série de reportagens sobre o Hospital Chelmsford. No início da década de 1980, o Sydney Morning Herald e o programa de televisão 60 Minutes revelaram verdades brutais sobre o hospital, o que levou a uma investigação e ao estabelecimento da Comissão Real de Chelmsford.
Muitas memórias de pacientes fornecem uma perspectiva pessoal sobre a terapia do sono profundo. Em 1970, Toni Lamond teve uma experiência perturbadora no hospital. Ela descreveu: “Atendi alguns pacientes no hospital que ainda dormiam e só perceberam a passagem do tempo dez dias depois”. Essa perda de tempo e a privação da memória própria fazem as pessoas pensarem profundamente sobre o real efeito da terapia.
Ainda hoje, os ecos da terapia do sono profundo permanecem. A controvérsia pública sobre tratamentos semelhantes surgiu novamente em Nova Gales do Sul em 2011, quando funcionários do governo mencionaram que a utilização de uma combinação de anestesia e terapia electroconvulsiva ainda estava a ser utilizada em determinadas circunstâncias, enfatizando que isto era para a segurança dos pacientes e do pessoal.
Esses eventos aumentaram a conscientização sobre a ética do tratamento de saúde mental e se os tratamentos deveriam ser reavaliados e melhorados.
O destino das vítimas do incidente de Chelmsford também gerou discussões sobre a responsabilidade médica e os direitos dos pacientes de saúde mental. O tratamento realmente ajuda ou é apenas uma anestesia temporária? Este tratamento mais controverso da história causou uma profunda reflexão sobre os padrões éticos da comunidade médica, levando-nos a pensar se ignorámos os direitos humanos básicos dos pacientes ao perseguir efeitos terapêuticos.
Quando confrontada com as lições históricas e os dilemas éticos da terapia do sono profundo, que lições a prática médica atual deve tirar para garantir que os mesmos erros não se repitam?