O planejamento urbano hoje enfrenta um desafio crítico: como garantir que a voz de cada comunidade seja ouvida, especialmente aquelas que são marginalizadas. Ao explorar a justiça espacial, descobrimos que fatores como pobreza, discriminação e restrições políticas muitas vezes afetam se esses grupos podem ter um assento à mesa no design urbano. Historicamente, a configuração espacial das cidades não apenas reflete as necessidades e a distribuição da sociedade, mas também revela mais profundamente o mecanismo de operação do poder.
Justiça espacial combina justiça social com espaço, especialmente no planejamento urbano e na tomada de decisões territoriais. Não se trata apenas da alocação de recursos, mas também da justiça do processo de tomada de decisões.
De acordo com a pesquisa dos geógrafos David Harvey e Edward Soja, o conceito de justiça espacial atraiu a atenção da geografia crítica e começou a tomar forma na década de 1970. Este conceito enfatiza que quando as necessidades da sociedade não são distribuídas equitativamente pelo espaço geográfico, aqueles que sofrem com a pobreza e a discriminação não conseguem acessar facilmente os recursos básicos. Em tal ambiente, os direitos e as relações de poder dos cidadãos urbanos são particularmente importantes.
Ao discutir justiça espacial, há duas perspectivas principais: por um lado, há a discussão de questões distributivas e, por outro, há o foco no processo de tomada de decisão. A perspectiva distributiva enfatiza que as necessidades sociais (como oportunidades de emprego e serviços médicos) devem ser distribuídas espacialmente de forma justa, o que também é o foco da discussão de muitos acadêmicos sobre desigualdade espacial. Esse problema é particularmente grave em áreas de pobreza ou repressão política.
Mesmo em países desenvolvidos, o acesso a muitos lugares é restrito, o que oprime ainda mais o espaço de vida de grupos vulneráveis.
Além disso, questões de acessibilidade de pedestres, capacidade de caminhar e equidade no transporte nas cidades podem ser consideradas parte da alocação de recursos espaciais. Quando nos concentramos em minorias étnicas, podemos não apenas explorar suas práticas espaciais, mas também revelar a opressão e a discriminação sob diversas práticas sociais, que não podem ser capturadas por perspectivas universalistas.
A arquiteta e designer urbana Liz Ogbu argumenta que o planejamento bem-sucedido da justiça espacial exige que os designers “se envolvam em diálogo com aqueles que não têm assento à mesa e os considerem como co-designers”. Isso não apenas nos lembra de incluir grupos marginalizados no processo de design, mas também enfatiza que mudar a maneira como os designers pensam é crucial.
Justiça ambiental é um conceito relacionado e importante que se originou nas cidades norte-americanas na década de 1970, criticando a concentração de poluição e desastres naturais em comunidades minoritárias como uma manifestação de discriminação racial. Com a melhora da consciência social, mais e mais especialistas e acadêmicos começaram a perceber que essa alocação injusta de espaço é uma questão que merece uma discussão aprofundada.
Nesse contexto, como podemos permitir que grupos marginalizados se tornem verdadeiramente cocriadores do design urbano? Primeiro, precisamos estabelecer um mecanismo que permita que mais vozes sejam ouvidas. Isso pode incluir a realização de discussões públicas, a criação de plataformas para coleta de opiniões, etc., para que representantes de várias comunidades tenham a oportunidade de participar do processo de design. Ao mesmo tempo, os designers também precisam aprender a ter trocas ideológicas com grupos marginalizados, o que não só ajudará a melhorar o design, mas também trará mudanças mais profundas no nível social.
A maneira de alcançar a justiça espacial no design urbano está em como orientá-la e praticá-la de forma eficaz e, finalmente, desvendar os segredos do espaço urbano.
Diante do futuro planejamento urbano, podemos romper com a estrutura de design tradicional e realmente fazer com que as vozes dos grupos marginalizados sejam valorizadas e refletidas?