Uma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito Santo
CCADERNOS DE ASTRONOMIA
Uma publicação do Núcleo Cosmo-ufes & PPGCosmo - UFES
Uma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia doEspírito Santo
Adriano M. Oliveira e Lúcia Horta Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Guarapari - ES, Brasil Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo (SEDU-ES), Guarapari - ES, Brasil
Resumo
Esse artigo traz um breve relato sobre as duas edições da Mostra Estadual de Astronomia e levanta umadiscussão sobre a influência que esse tipo de evento tem no processo de formação discentes. As comparaçõesentre as quantidades tanto de trabalhos inscritos quanto de professores orientadores, participantes das duasetapas, revelam a necessidade de criar meios para que o corpo docente da rede pública de ensino possa dedicartempo a atividades de orientação. Visto que, essas práticas contribuem para o melhoramento da relação ensino-aprendizagem.
Abstract
In this paper we take a brief discussion about the two editions of State Show of Astronomy and its influence inprocess of student formation. One comparison between numbers of projects registrants and also total teachersregistrants, of these editions, we see that is necessary to create forms for the teacher of public school coulddedicate time for orientation activities. Once these practices help to better the teaching-learning relationship.
Palavras-chave:
Mostra, Ensino Médio, Ensino, Pesquisa, Extensão
Keywords:
Show of Astronomy, High School, Teaching, Scientific Research, extension actions.DOI: XX.XXXX/XXX
O movimento de realização de feiras científi-cas teve início por volta dos anos 1960 [1]. Esseevento é caracterizado, basicamente, pela expo-sição de trabalhos técnico-científicos elaboradospor estudantes sob a orientação de professores.Gonçalves [2] diz que:as feiras de ciências consistem na apre-sentação de trabalhos e na relaçãoexpositor-visitante na qual são apresen-tados materiais, objetivos, metodologiautilizada, resultado e conclusões obti-das. No caso da mostra, temos, pales-tras e um acompanhamento dos melho-res trabalhos apresentados nesses even-tos. Os trabalhos são elaborados deforma a serem planejados e executadospelos estudantes com o professor comoorientador do processo. Dentro desse contexto a mostra é um eventomais completo que a feira, já que, além da expo-sição, também reserva espaços para discussões epalestras, por exemplo. Em vista disso, a mostracientífica se torna um complemento dos trabalhosrealizados nas feiras e, por esse motivo, escolhe-mos estudar as melhorias que a implementaçãode uma mostra estadual, a Mostra de Astrono-mia do Espírito Santo (MAES), pode trazer paraos alunos do ensino médio, em particular os darede pública de ensino, sendo este o primeiro ar-tigo comparativo entre as duas primeiras ediçõesdo evento.Durante o processo de preparação, estudo emontagem dos trabalhos, a dinâmica tradicio-nal de ensino é mudada, enquanto os professo-res deixam o papel de transmissor do conheci-mento, passando a atuar como mediadores, osalunos se tornam protagonistas da relação ensino-aprendizagem, propondo hipóteses e aprendendo1 a r X i v : . [ phy s i c s . e d - ph ] A ug ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al com seus erros. Essa forma de atuação está ali-nhada com a metodologia de ensino por investi-gação que, por sua vez, é uma alternativa parao método tradicional de ensino, permitindo umaaproximação dos conteúdos ministrados em salade aula às habilidades previstas nas DiretrizesCurriculares Nacionais (DCN) da educação bá-sica [3]. Além disso, trabalhando com esse mé-todo, a pesquisa científica direcionará tanto osprocessos de confecção dos trabalhos para a mos-tra quanto os conteúdos curriculares previstos nalegislação da educação básica.Dessa forma, a participação em mostras ci-entíficas pode promover mudanças significativasnos alunos, uma discussão mais aprofundada so-bre esse assunto pode ser encontrada em [4, 5].A apresentação dos trabalhos é conduzida pelosalunos, colocando-os na posição de protagonistase, ainda, levam a toda comunidade, que visita amostra, todo o conhecimento produzido ao longoda preparação dos pôsteres e seminários. Mos-trando que a utilização da mediação pode ensinare de transmitir conhecimento, além de: modificara tradicionalidade da sala de aula formal e, tam-bém, atingir mais pessoas com mais efetividade.Ainda, com a implementações de ações como esta,atende-se a recomendação das DCN no tocante aodesenvolvimento da capacidade de pesquisa comoparte importante na “ busca da (re) construção doconhecimento” [3]. Além disso, amplia a atuaçãodo professor, segundo [6]:educar pela pesquisa tem como condiçãoessencial primeira, que o profissional daeducação seja pesquisador, ou seja ma-neje a pesquisa como princípio científicoe educativo e a tenha como atitude co-tidiana.Ou seja, é necessário que o professor oriente oaluno para que sua pesquisa tenha uma direçãoe produza um trabalho rico em conhecimento.Nesse caminho, as Mostras Científicas agem comodisseminadoras dos trabalhos e do conhecimentoproduzido, para públicos diversos. Devido a re-levância desses eventos, tanto para a formaçãodos alunos quanto para a mudança da práticadocente, vários trabalhos têm usado eles comobase de estudo para suas pesquisas, por exem-plo, o levantamento bibliográfico, entre os anos2008-2018, de caráter exploratório qualitativo re-alizado sobre feiras de ciências [7], a discussãosobre a importância do protagonismo do aluno no contexto escolar a partir de sua participaçãoem mostras com temáticas de astronomia [8] euma revisão bibliográfica sobre o ensino de ciên-cias e as feiras, buscando ressignificar o aprendi-zado significativo e o ensino mais dialógico [9], ouseja, a relação ensino-aprendizagem mais funda-mentada no diálogo entre as partes (professor ealuno) envolvidas nesse processo.Diante disso, faremos aqui um breve relatoacerca da influência que as feiras e mostras ci-entíficas têm na efetivação de futuros projetos depesquisa desenvolvidos no Espírito Santo, em par-ticular analisaremos aqueles trabalhos que parti-ciparam da MAES. O evento estadual é realizadoanualmente e está em sua terceira edição. O ob-jetivo do estudo foi fazer um acompanhamentodos trabalhos apresentados nas duas edições doevento (2018-2019) traçando: mudanças, adapta-ções necessárias, apresentando resultados e pos-sibilidades para novas pesquisas. Na edição 2018 da Mostra de Astronomia doEspírito Santo (MAES), primeiro ano do evento,89 (oitenta e nove) trabalhos foram inscritos.Destes, 65,2% decorrentes de Institutos Federaisde ensino (Ifes) e o restante, 34,8%, tiveram comoautores alunos das escolas estaduais, como mos-trado na figura (1). Não tivemos projetos de es-colas particulares nem de alunos do 9 o ano, na re-ferida edição. Logo, todos os projetos foram ela-boradas e apresentados por alunos que estavamcursando o ensino médio durante o ano de 2018,sendo os três melhores, após duas fases, premia-dos com bolsas CNPq de PIBIC-Jr (ICJ), para oano de 2019.A primeira fase foi dividida em três etapas, con-tudo os trabalhos foram inscritos apenas para aetapa de Cariacica, onde 32 (trinta e dois) profes-sores e cerca de 350 (trezentos e cinquenta) alu-nos, participaram do evento, a foto oficial destaetapa é mostrada na figura (2). Nas etapas in-terioranas, realizamos uma bateria de semináriosministrados pelos professores convidados, obser-vação do céu noturno com telescópios, um tour pelo mapa de Marte, oficina de foguetes e de caçaa meteoros. Toda a estrutura do evento foi colocaà disposição do público.Desta primeira fase foram selecionados 15(quinze) trabalhos para a fase final, onde os pro- Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano
O movimento de realização de feiras científi-cas teve início por volta dos anos 1960 [1]. Esseevento é caracterizado, basicamente, pela expo-sição de trabalhos técnico-científicos elaboradospor estudantes sob a orientação de professores.Gonçalves [2] diz que:as feiras de ciências consistem na apre-sentação de trabalhos e na relaçãoexpositor-visitante na qual são apresen-tados materiais, objetivos, metodologiautilizada, resultado e conclusões obti-das. No caso da mostra, temos, pales-tras e um acompanhamento dos melho-res trabalhos apresentados nesses even-tos. Os trabalhos são elaborados deforma a serem planejados e executadospelos estudantes com o professor comoorientador do processo. Dentro desse contexto a mostra é um eventomais completo que a feira, já que, além da expo-sição, também reserva espaços para discussões epalestras, por exemplo. Em vista disso, a mostracientífica se torna um complemento dos trabalhosrealizados nas feiras e, por esse motivo, escolhe-mos estudar as melhorias que a implementaçãode uma mostra estadual, a Mostra de Astrono-mia do Espírito Santo (MAES), pode trazer paraos alunos do ensino médio, em particular os darede pública de ensino, sendo este o primeiro ar-tigo comparativo entre as duas primeiras ediçõesdo evento.Durante o processo de preparação, estudo emontagem dos trabalhos, a dinâmica tradicio-nal de ensino é mudada, enquanto os professo-res deixam o papel de transmissor do conheci-mento, passando a atuar como mediadores, osalunos se tornam protagonistas da relação ensino-aprendizagem, propondo hipóteses e aprendendo1 a r X i v : . [ phy s i c s . e d - ph ] A ug ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al com seus erros. Essa forma de atuação está ali-nhada com a metodologia de ensino por investi-gação que, por sua vez, é uma alternativa parao método tradicional de ensino, permitindo umaaproximação dos conteúdos ministrados em salade aula às habilidades previstas nas DiretrizesCurriculares Nacionais (DCN) da educação bá-sica [3]. Além disso, trabalhando com esse mé-todo, a pesquisa científica direcionará tanto osprocessos de confecção dos trabalhos para a mos-tra quanto os conteúdos curriculares previstos nalegislação da educação básica.Dessa forma, a participação em mostras ci-entíficas pode promover mudanças significativasnos alunos, uma discussão mais aprofundada so-bre esse assunto pode ser encontrada em [4, 5].A apresentação dos trabalhos é conduzida pelosalunos, colocando-os na posição de protagonistase, ainda, levam a toda comunidade, que visita amostra, todo o conhecimento produzido ao longoda preparação dos pôsteres e seminários. Mos-trando que a utilização da mediação pode ensinare de transmitir conhecimento, além de: modificara tradicionalidade da sala de aula formal e, tam-bém, atingir mais pessoas com mais efetividade.Ainda, com a implementações de ações como esta,atende-se a recomendação das DCN no tocante aodesenvolvimento da capacidade de pesquisa comoparte importante na “ busca da (re) construção doconhecimento” [3]. Além disso, amplia a atuaçãodo professor, segundo [6]:educar pela pesquisa tem como condiçãoessencial primeira, que o profissional daeducação seja pesquisador, ou seja ma-neje a pesquisa como princípio científicoe educativo e a tenha como atitude co-tidiana.Ou seja, é necessário que o professor oriente oaluno para que sua pesquisa tenha uma direçãoe produza um trabalho rico em conhecimento.Nesse caminho, as Mostras Científicas agem comodisseminadoras dos trabalhos e do conhecimentoproduzido, para públicos diversos. Devido a re-levância desses eventos, tanto para a formaçãodos alunos quanto para a mudança da práticadocente, vários trabalhos têm usado eles comobase de estudo para suas pesquisas, por exem-plo, o levantamento bibliográfico, entre os anos2008-2018, de caráter exploratório qualitativo re-alizado sobre feiras de ciências [7], a discussãosobre a importância do protagonismo do aluno no contexto escolar a partir de sua participaçãoem mostras com temáticas de astronomia [8] euma revisão bibliográfica sobre o ensino de ciên-cias e as feiras, buscando ressignificar o aprendi-zado significativo e o ensino mais dialógico [9], ouseja, a relação ensino-aprendizagem mais funda-mentada no diálogo entre as partes (professor ealuno) envolvidas nesse processo.Diante disso, faremos aqui um breve relatoacerca da influência que as feiras e mostras ci-entíficas têm na efetivação de futuros projetos depesquisa desenvolvidos no Espírito Santo, em par-ticular analisaremos aqueles trabalhos que parti-ciparam da MAES. O evento estadual é realizadoanualmente e está em sua terceira edição. O ob-jetivo do estudo foi fazer um acompanhamentodos trabalhos apresentados nas duas edições doevento (2018-2019) traçando: mudanças, adapta-ções necessárias, apresentando resultados e pos-sibilidades para novas pesquisas. Na edição 2018 da Mostra de Astronomia doEspírito Santo (MAES), primeiro ano do evento,89 (oitenta e nove) trabalhos foram inscritos.Destes, 65,2% decorrentes de Institutos Federaisde ensino (Ifes) e o restante, 34,8%, tiveram comoautores alunos das escolas estaduais, como mos-trado na figura (1). Não tivemos projetos de es-colas particulares nem de alunos do 9 o ano, na re-ferida edição. Logo, todos os projetos foram ela-boradas e apresentados por alunos que estavamcursando o ensino médio durante o ano de 2018,sendo os três melhores, após duas fases, premia-dos com bolsas CNPq de PIBIC-Jr (ICJ), para oano de 2019.A primeira fase foi dividida em três etapas, con-tudo os trabalhos foram inscritos apenas para aetapa de Cariacica, onde 32 (trinta e dois) profes-sores e cerca de 350 (trezentos e cinquenta) alu-nos, participaram do evento, a foto oficial destaetapa é mostrada na figura (2). Nas etapas in-terioranas, realizamos uma bateria de semináriosministrados pelos professores convidados, obser-vação do céu noturno com telescópios, um tour pelo mapa de Marte, oficina de foguetes e de caçaa meteoros. Toda a estrutura do evento foi colocaà disposição do público.Desta primeira fase foram selecionados 15(quinze) trabalhos para a fase final, onde os pro- Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al Figura 1:
A MAES2018 teve participação de escolas fe-derais e estaduais. A fatia verde, correspondente a 35%,refere-se a porcentagem dos trabalhos produzidos por alu-nos da rede estadual e a parte em amarelo está ligada àspropostas do Ifes, cerca de 65% dos projetos foram reali-zados por alunos ligados a esta instituição de ensino.
Figura 2:
Essa é a foto oficial da edição 2018 da Mostrade Astronomia do Espírito Santo (MAES2018). jetos foram apresentados de forma oral a umabanca de especialistas com destacada relevânciana comunidade científica, que atuaram como ava-liadores. A segunda fase, teve duração de doisdias e ocorreu um mês depois da seletiva, alémdos seminários, grande parte da estrutura acimacitada foi novamente montada para atender esco-las e toda a comunidade interessada. Ao final dasapresentações, 15 (quinze) alunos foram agracia-dos com bolsas de ICJ e tiveram seus trabalhosacompanhados pelos professores e pesquisadoresligados ao Cosmo-Ufes. Além disso, participaramde encontros mensais, durante o ano de 2019, queocorreram tanto no Observatório Astronômico doIfes Guarapari (OAIG) quanto em parques esta-duais, centros históricos - o que lhes permitiu:melhorar seus projetos, ampliar o conhecimentosobre a cultura, fauna, flora capixaba, e melho-rar a qualidade do conhecimento adquirido. Ade-mais, esse grupo de alunos participou de pales-tras envolvendo tópicos de astrofísica, astrono-mia, astronáutica, cosmologia e foram convida-dos a participar de todas as ações do Cosmo-Ufes, tais como o Verão Quântico, o Inverno Astrofísicoe a comemoração dos 100 anos do Eclípse de So-bral, todos ocorreram durante a vigência da bolsaICJ. Por fim, participaram das ações abertas aopúblico de observações do céu e receberam orien-tação para futuros estudos de elementos teóricosligados ao tema da mostra. Ou seja, os bolsis-tas foram imersos tanto nos congressos científicoscomo na condução de ações com a comunidadeexterna.
Para a edição 2019, algumas mudanças foramimplementadas, por exemplo, os melhores traba-lhos não foram premiados com bolsas, mas simcom medalhas e troféu, já que não conseguimosrecursos para mantê-las nas agências de fomentodaquele ano. Por outro lado, dividimos a compe-tição em categorias e ampliamos o público alvo,permitindo a participação tanto de alunos do 9 o ano do ensino fundamental quanto de escolas pri-vadas. Dessa forma, ampliamos a diversidade deescolas participantes, como mostra a figura (3),tivemos 5% dos trabalhos confeccionados pelasescolas privadas e a mesma quantidade por esco-las municipais (alunos de 9 o ano), já os projetosdas escolas estaduais corresponderam a 21% dototal e o Ifes inscreveu 70% dos trabalhos. Por- Figura 3:
Esse gráfico mostra como foi a divisão das es-colas participantes da MAES2019. Em vermelho e azul,com 5% do total de trabalhos, estão as escolas particularese escolas municipais (alunos de 9 o ano), respectivamente,ambas com três trabalhos apresentados. Em verde, corres-pondendo a 21% do total de trabalhos, está representadoos trabalhos da rede estadual, com 13 (treze) trabalhosapresentados, e em amarelo os trabalhos do Ifes, cerca de70% dos trabalhos, ou 44 (quarenta e quatro) projetos,foram confeccionados por alunos ligados a esta instituiçãode ensino. tanto, tivemos representantes de todo o públicoalvo, do mesmo modo que na edição 2018. Anali-sando os números apresentados nas figuras (1) e Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano
Esse gráfico mostra como foi a divisão das es-colas participantes da MAES2019. Em vermelho e azul,com 5% do total de trabalhos, estão as escolas particularese escolas municipais (alunos de 9 o ano), respectivamente,ambas com três trabalhos apresentados. Em verde, corres-pondendo a 21% do total de trabalhos, está representadoos trabalhos da rede estadual, com 13 (treze) trabalhosapresentados, e em amarelo os trabalhos do Ifes, cerca de70% dos trabalhos, ou 44 (quarenta e quatro) projetos,foram confeccionados por alunos ligados a esta instituiçãode ensino. tanto, tivemos representantes de todo o públicoalvo, do mesmo modo que na edição 2018. Anali-sando os números apresentados nas figuras (1) e Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al (3), verificamos que o Ifes ampliou sua participa-ção em quase 5%, enquanto as escolas estaduaistiveram uma redução de 14%. Já o número totalde inscritos sofreu redução de 28,1%, saindo de83 (oitenta e três) inscritos em 2018 para 64 (ses-senta e quatro) em 2019. Uma comparação entreas quantidades de trabalhos por rede de ensinoé apresentada na figura figura (4). Do mesmomodo, o número de professores orientadores tam-bém reduziu, saindo de 32 (trinta e dois) e pas-sando para 14 (quatorze), o que corresponde auma queda de 56,25%. Figura 4:
Esse gráfico mostra um comparativo entre aquantidade de trabalhos apresentados nas duas edições daMAES, por rede de ensino, em azul estão as quantidadesreferentes ao ano de 2018 e em verde os dados do ano de2019.
Apesar dessa queda, tivemos a percepçãode que os trabalhos apresentados durante aMAES2019 tiveram um acréscimo de comple-xidade, quando comparadas as duas ediçõesdo evento, mostrando uma melhora na relaçãoensino-aprendizagem e na mediação feita pelosprofessores orientadores. Além do mais, cerca de30% das inscrições vieram das escolas do inte-rior do estado. Mesmo em menor número essesprojetos mostram certo avanço tanto na rede decomunicação criada no interior do estado quantono envolvimento das escolas para participar daMAES. Outra mudança gerada pela limitação derecursos foi a redução na quantidade de ativida-des ofertadas ao público. Para essa edição manti-vemos as apresentações dos trabalhos, semináriosdos professores visitantes (que também atuaramcomo avaliadores dos projetos nas duas fases) e aobservação do céu noturno com telescópios. Umafoto da etapa de Vitória do evento é apresentadana figura (6), esse foi o local onde tivemos a maiorconcentração de trabalhos durante a primeira faseda Mostra.Desta primeira fase, foram selecionados 21
Figura 5:
Nessa figura está representada a distribuiçãodos projetos cadastrados para as etapas de Alegre (com5%), São Mateus (com 23%) e Vitória (com 69%), para aprimeira fase da Mostra de Astronomia do Espírito Santo2019 (MAES2019).
Figura 6:
Essa é a foto oficial da edição 2019 da Mostrade Astronomia do Espírito Santo (MAES2019). (vinte e um) trabalhos para a fase final, sendo13 (dezesseis) do Ifes, 5 (seis) da rede estadual, 1(um) da rede municipal e 2 (dois) da rede privada,que ocorreu no Observatório Astronômico do IfesGuarapari e teve a duração de dois dias. Nestafase, os projetos foram apresentados de forma oralpara uma banca de avaliadores, pesquisadores li-gados ao Cosmo-Ufes, que também ministraramseminários sobre temas que abordaram assuntosde “Buracos Negros: Fotografando o invisível” e“Explicando o Nobel de física 2019”, durante osdois dias de evento. Após essa etapa os desta-ques foram: • Escola Particular (Medalha de Ouro) -
TSI – Telescópios para a síndrome de Irlen,produzido por alunos do Marista. Essa sín-drome causa um desequilíbrio na capacidadede adaptação à luz e está ligada ao deficit naleitura, o que também causa problemas nouso de telescópios convencionais. Nesse sen-tido, o projeto foi fundamentado na adap-tação de um telescópio para que portadoresdesta síndrome tivessem a oportunidade deenxergar as estrelas sem os prejuízos desta.
Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano
Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al Para isso foi criada uma lente com caracterís-ticas semelhantes aos óculos usados por pes-soas que possuem essa sensibilidade. • Escola Estadual (Medalha de Ouro) -
Registro de meteoros na constelação de Hy-dra. Esse trabalho apresentou um estudoreferente a captação do registro dos mete-oros vindos da região da constelação de hy-dra, realizada pela estação de videomonito-ramento de pequenos objetos da escola Dr.Silva Mello. Com as imagens o aluno encon-trou os padrões da quantidade de radiantesregistrado mensalmente, da velocidade mé-dia, magnitude e direção. • Escola Municipal (Medalha de Ouro)-
Celebridades e descobertas astronômicas,produzido por alunos do 9 ano. O Pro-jeto buscou realizar uma viagem no tempoe apresentou os grandes nomes da Astrono-mia, suas contribuições e descobertas. Alémdisso, explorou os saberes adquiridos pelosalunos sobre conceitos, invenções e históriada astronomia, bem como a evolução do co-nhecimento sobre essa área. O recorte es-colhido foi a compreensão do sistema solare fenômenos que acontecem no nosso dia-a-dia. Buscou-se incentivar tanto a criati-vidade quanto um alinhamento às habilida-des e competências previstas na BNCC, alémda prática experimental que complementa oconteúdo teórico e leva a interdisciplinari-dade, via investigação. • Escola Federal (Medalha de Ouro eMelhor trabalho da MAES2019) -
As-trologia não é uma ciência, produzido poralunos do Ifes, campus Vitória. O trabalhotrouxe a luz uma discussão acerca da influên-cia das estrelas sobre a vida na Terra, bus-cando desmistificar conceitos populares fun-damentando sua pesquisa em dados científi-cos. • Escola Federal (Medalha de Prata -
Fí-sica e Astronomia, que abordou a física dostelescópios, da teoria à construção de um te-lescópio newtoniano. O trabalho foi produ-zido por alunos do Ifes, campus Guarapari. • Escola Federal (Medalha de Bronze -
Amorte térmica do Universo, outro trabalhodo Ifes, campus Guarapari.
A mostra é uma importante aliada para as mu-danças metodológicas tradicionais. Elas Incenti-vam o uso de metodologias investigativas comouma alternativa para melhorar a qualidade da re-lação ensino-aprendizagem e retorna ao aluno aresponsabilidade por ampliar seu próprio conhe-cimento. A Mostra de Astronomia do EspíritoSanto, cuja terceira edição ocorrerá durante o anode 2020, é um exemplo desse tipo de ação queexercita o protagonismo estudantil.A partir de Uma comparação entre os trabalhosapresentados durante as duas edições do evento,percebemos que houve uma melhora significativana qualidade das propostas e da organização doevento. Ainda, percebemos um pequeno avanço,oriundo das mudanças na forma de divulgar oevento, já que tivemos escolas do interior do es-tado participando da segunda edição do evento,fato que não ocorreu durante o ano de 2018. Con-tudo, tivemos uma redução de quase 30% no nú-mero de trabalhos inscritos e de mais de 50% deprofessores orientadores, com maior impacto naparticipação das escolas estaduais, o que de certomodo pode ter sido influenciado pela não ofertadade bolsas para os melhores trabalhos no ano de2019. Mas, para um evento estadual, julgamosbaixo o número de inscritos, o que deixa claraduas fragilidades: (1) a divulgação da MAESainda não é a ideal e (2) a falta de interesse dosprofessores do ensino básico em participar dessetipo de eventos, fato comprovado pelo baixo nú-mero de professores orientadores durante a últimaedição do evento, apenas 14 (quatorze).Sendo assim, julgamos que é necessário criarmeios para que os docentes possam se sentir atraí-dos em participar desse tipo de evento, em par-ticular os da rede estadual. Uma possibilidadeseria a premiação dos professores e, de algummodo, permitir a alocação de carga-horária, tal-vez nos moldes de planejamento, para orientaçãode equipes de alunos interessadas em participarde mostras científicas. Esse tipo de incentivo,juntamente com ações de formação continuadadocente, que fomentem o pensar científico atre-lado ao ensino de astronomia utilizando metodo-logias ativas, como a proposta no trabalho [10],podem ajudar a alinhar os conteúdos de astro-nomia às habilidades previstas na BNCC e naDCN, o que além de ampliar o número de traba-lhos inscritos na MAES e similares, vai melhorar
Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano
Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano ma breve reflexão sobre a Mostra de Astronomia do Espírito . . . Oliveira, A. M. et al significativamente a qualidade da relação ensino-aprendizagem. Os autores agradecem aos pesquisadores que,de algum modo, colaboraram para a realizaçãodessas duas primeiras edições do evento, de modoespecial, ao digníssimo Professor Doutor EméritoAntônio Brasil que nos presenteou com sua ilustrepresença durante a MAES 2019, com muito hu-mor e sapiência invejável. Certamente, um dosmaiores físicos da nossa época que nos deixouuma lição de humildade e amor pela ciência. In-felizmente não poderemos mais ter o prazer desua presença nas próximas edições da Mostra deAstronomia do Espírito Santo, mas levaremos acada edição os ensinamentos por ele deixado. Emtempo, agradecemos a Capes, Fapes, Ufes e Ifespelo apoio e suporte dado durante o evento.
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Cadernos de Astronomia n ◦ ..., vol. ..., pg-xxx, Ano..., vol. ..., pg-xxx, Ano