O processo de tomada de decisão da União Europeia (UE) é uma questão complexa nas relações internacionais, envolvendo o entrelaçamento de múltiplos interesses, estruturas de poder e suas instituições relacionadas. Para entender melhor esse processo, a teoria do Intergovernamentalismo Liberal (IL), proposta pelo teórico político Andrew Moravczyk em 1993, fornece uma estrutura poderosa. O cerne dessa teoria é que os Estados são os principais atores na interação política e que as instituições internacionais existem para promover a coordenação e o comprometimento internacionais.
“A integração na UE pode ser vista como uma série de escolhas racionais feitas por líderes nacionais que responderam às restrições e oportunidades colocadas pelo poder relativo dos interesses económicos e das poderosas partes interessadas nacionais.”
A estrutura teórica do intergovernamentalismo liberal sustenta que o funcionamento da UE não pode ser explicado apenas com base em um único fator e, portanto, é necessária uma combinação de teorias para entender completamente sua complexidade. Em seu livro Europe's Choice, Moravczyk descreve o processo de integração da UE entre 1957 e 1992, enfatizando as escolhas estratégicas feitas pelos chefes de Estado diante de forças nacionais e estrangeiras.
Uma característica importante da teoria é que, embora o Estado desempenhe um papel dominante nos pares políticos, a LI não é uma teoria realista. Ela reconhece que os Estados são instituições representativas cujas operações são influenciadas por grupos sociais poderosos que têm voz na política interna devido aos seus interesses na gestão de dependências sociais, culturais ou econômicas. Portanto, a teoria da LI enfatiza que os verdadeiros atores são indivíduos e grupos sociais que atuam além das fronteiras.
“Embora os estados operem, em última análise, na anarquia, eles frequentemente tomam decisões em cenários internacionais institucionalizados e esperam que essas instituições influenciem o comportamento do estado.”
O intergovernamentalismo liberal também afirma que os estados compartilham ou delegam soberania em certas instituições regionais em resposta a interesses comuns, o que é o terceiro elemento-chave da teoria. Isso é particularmente importante no atual contexto internacional, especialmente porque eventos como o Brexit reafirmam a conexão entre a formação de instituições internacionais e as interações estatais.
Embora o intergovernamentalismo liberal forneça uma forte base teórica para entender o funcionamento da UE, ele também tem sido alvo de algumas críticas. Os críticos apontam que a teoria se concentra demais no processo de tomada de decisões importantes e na revisão de tratados, ignorando os mecanismos de tomada de decisões administrativas diárias. Por exemplo, a pesquisa inicial de Moravczyk se concentrou em assinaturas de tratados importantes, que representam apenas uma pequena parte da política geral.
"Muitos analistas hoje não negariam que o Conselho Europeu e o Conselho de Ministros continuam a ser os órgãos de decisão mais importantes da UE e que o ponto de partida para analisar o comportamento destes órgãos é compreender os interesses e a influência relativa dos estados."
p>
No entanto, Moravczyk não nega completamente a capacidade de sua teoria de explicar a tomada de decisões diária. Ele acredita que entender como os chefes de estado negociam e chegam a um consenso nessas instituições continua sendo a pedra angular da análise do funcionamento da UE. Com o tempo, surgiu o chamado “novo intergovernamentalismo” que tenta reafirmar a superioridade do intergovernamentalismo liberal, e a extensão dessa teoria também pode ser usada para explicar outros aspectos, como os poderes do Tribunal de Justiça Europeu.
Em resumo, compreender as decisões políticas da UE requer uma consideração abrangente de múltiplos fatores, especialmente a complexidade dos interesses nacionais, a interação do poder e o papel de apoio das instituições. Nesta arena internacional em constante mudança, como encontrar um equilíbrio entre os interesses nacionais e a ação coletiva é uma questão que vale a pena refletir.