Em 13 de outubro de 2023, a agência de inteligência israelense divulgou um documento político intitulado "Recomendações políticas relativas ao povo de Gaza". O documento vazou pela mídia no final de outubro, causando amplo debate. O documento de dez páginas propõe a transferência forçada dos 2,3 milhões de residentes de Gaza para a Península do Sinai, no Egipto, como uma solução para os desafios de segurança de Israel.
O documento é chamado de “documento conceitual provisório” e afirma ainda não ter sido substancialmente discutido dentro do governo.
O Plano A, proposto pela primeira vez no documento, era restaurar a soberania da Autoridade Palestiniana em Gaza, mas foi imediatamente rejeitado. O documento salienta que esta proposta não só não conseguirá prevenir eficazmente os ataques a Israel, mas também poderá tornar-se uma vitória sem precedentes para o movimento nacional palestiniano e causar pesadas perdas a civis e soldados israelitas. Os analistas geralmente acreditam que esta “escolha” é preocupante porque significa conflito e instabilidade contínuos.
"Esta é a opção com maior risco."
O próximo plano B propunha estabelecer um novo governo local como alternativa ao Hamas, mas também foi rejeitado. O documento sublinha que este novo regime não pode reduzir eficazmente a ameaça a Israel e será incapaz de lutar por uma paz e estabilidade duradouras.
"Ambas as opções são consideradas ineficazes e não atendem às necessidades de segurança de Israel."
Como resultado, o documento escolheu a opção C, uma proposta que gerou intensa controvérsia e foi descrita por muitos como limpeza étnica. Este plano propõe a transferência dos residentes de Gaza para a Península do Sinai, no Egipto, o que será implementado em três fases: primeiro, estabelecendo campos de reassentamento temporários no Sinai, em segundo lugar, criando um corredor humanitário indefinido e, finalmente, estabelecendo uma cidade de assentamento permanente no Sinai do Norte.
O relatório recomenda a criação de uma zona de segurança com vários quilómetros de largura entre Israel e o Egipto para evitar que os residentes insistam em regressar a Gaza.
"Muitos residentes de Gaza expressaram o desejo de partir."
No entanto, o documento político não fornece um plano para o desenvolvimento futuro de Gaza após a realocação dos residentes, levantando questões éticas sobre a proposta. O documento também mencionava que o apoio da comunidade internacional e de países específicos será crucial para a implementação deste plano, incluindo a Turquia, o Qatar e o Canadá na América do Norte. É importante notar que o conteúdo mencionado no relatório pode causar grande controvérsia internacionalmente e ter um impacto a longo prazo nas relações diplomáticas de Israel.
Além disso, a exposição dos documentos agravou ainda mais a tensão entre Israel e o Egipto, e também desencadeou uma forte oposição dos palestinianos, reavivando a histórica "Nakba", ou seja, incidentes de migração forçada em grande escala.
"Este projeto levantou profundas preocupações sobre os direitos humanos e o direito internacional."
As autoridades israelenses chamaram o documento de documento conceitual e disseram que ele não havia sido discutido seriamente dentro do governo. No entanto, desde que os documentos foram revelados, a sociedade israelita tem tido opiniões mistas sobre o plano, com alguns a considerá-lo uma preocupação legítima de segurança, enquanto outros temem que isole ainda mais Israel da comunidade internacional.
Nas atuais circunstâncias, isso significa que Israel adotará políticas mais agressivas no futuro para lidar com ameaças à segurança? Como é que as reacções das partes a esta política afectarão os futuros processos de paz na região?