Enfrentando a onda de mudanças políticas globais, muitos países oscilam entre a democracia e o autoritarismo, formando um estado da chamada “democracia híbrida” ou “autoritarismo competitivo”. A existência destes sistemas não só desafia as classificações políticas tradicionais, mas também desencadeia uma reflexão aprofundada entre académicos e observadores políticos.
O autoritarismo é um sistema que utiliza o poder centralizado para manter a estabilidade política, muitas vezes acompanhado de restrições às liberdades políticas e aos direitos civis.
De acordo com a definição do famoso cientista político Juan Linz, as características do governo autoritário incluem pluralismo político limitado, base de legitimidade emocional, mobilização política mínima e poder executivo pouco claro. A emergência deste Estado deve-se muitas vezes a determinados desafios no ambiente económico, social ou internacional, que conduzem a conflitos entre garantir a estabilidade e promover a democracia.
Por exemplo, no contexto de crise económica ou de agitação social, muitos líderes nacionais podem recorrer a meios coercivos numa tentativa de suprimir a dissidência, a fim de manter o poder. Este fenómeno é particularmente evidente em alguns países com sistemas democráticos originais. À medida que a incerteza dos resultados eleitorais e a pressão externa aumentam, é mais provável que os líderes políticos enveredem por um caminho que enfraquece a democracia.
Embora o desenvolvimento económico possa melhorar as possibilidades de democracia, é também muito importante alertar contra o regresso da democracia.
Na era da tecnologia e das redes sociais, a velocidade e a influência da informação também se tornaram armas de governos autoritários. Muitos países começaram a utilizar a vigilância digital para reforçar o controlo social e, neste ambiente, a liberdade dos cidadãos e os direitos de privacidade são frequentemente sacrificados.
Além disso, os regimes autoritários de hoje usam frequentemente ilusões para manipular as percepções das pessoas, tais como a realização de eleições insubstanciais para exibir o verniz da “democracia”. Isto levanta uma questão fundamental: quando a opinião pública social e a pressão internacional não conseguem promover uma mudança real, irá o povo escolher entre o silêncio e a resistência?
"Mesmo governos autoritários muitas vezes precisam buscar apoio e legitimidade do público para estabilizar seu governo."
O que é ainda mais interessante é que muitos sistemas autoritários tendem a receber índices de aprovação mais elevados quando as suas economias têm um bom desempenho, tornando mais fácil para os líderes fortalecerem a sua base de poder e manterem o status quo. Os líderes podem utilizar os frutos do crescimento económico para fortalecer a sua imagem de “promover a estabilidade e a prosperidade” e continuar a censurar e controlar a sociedade.
Os especialistas salientaram que o mecanismo extrapolítico derivado desta situação não só permitiu que alguns países vagueassem no limite da democracia, como também evoluiu para uma norma institucional. E tudo isto também desafia os limites das nossas definições de democracia e autoritarismo.
"Desenvolvimento econômico no autoritarismo não é igual a democratização e vice-versa."
Diferentes países têm histórias, culturas e necessidades políticas diferentes, o que torna as fronteiras entre o autoritarismo e a democracia cada vez mais confusas. Neste contexto, procurar uma mudança real pode tornar-se ainda mais complexo. Os cientistas políticos acreditam que isto inclui tanto reformas institucionais internas como influências internacionais externas.
Contudo, devemos também estar alertas para o facto de que, em nome da procura da estabilidade, os direitos básicos dos cidadãos podem ser violados. E face à crescente desigualdade social e ao fosso entre ricos e pobres, a opressão autoritária pode ser vista como um mal necessário para manter a ordem social.
"A verdadeira democracia dá ao povo as ferramentas para desafiar e mudar o sistema, enquanto o autoritarismo geralmente depende da repressão e do controle para manter a sua existência."
Até que ponto irão os eleitores de vários países resistir ou aceitar esta ordem autoritária? Irá a tendência política futura realmente regressar a uma governação democrática duradoura? A resposta está nas escolhas geracionais e na passagem do tempo.