Michele Lindner

A luta pela terra e a recriação dos espaços de vida de assentados na Campanha Gaúcha

A luta pelo acesso a terra no Brasil, organizada atraves de movimentos sociais, ja e uma questao historica e vem ganhando cada dia mais forca. A conquista da terra para um assentado representa a construcao de um “novo territorio”, de um espaco de apropriacao, ou seja, a reterritorializacao desse individuo e de sua familia. E nesse sentido que o presente estudo busca compreender a adaptacao das familias rurais depois de uma migracao, tendo como objeto de estudo assentamentos na Campanha Gaucha, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Desta forma, o enfoque teorico do estudo centra-se em tematicas referentes a conceitos de espaco, territorio e lugar, processos de desterritorializacao e reterritorializacao e movimentos sociais, sendo que, neste ultimo enfocara uma breve contextualizacao do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no estado do Rio Grande do Sul. As informacoes apresentadas foram obtidas atraves de dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonizacao e Reforma Agraria) e em pesquisas de campo em assentamentos nos municipios de Sao Gabriel, Santana do Livramento e Santa Margarida do Sul. Os resultados obtidos demonstram de que forma o processo de reconfiguracao territorial e social, causada pela entrada dos assentamentos em uma area tradicional da grande propriedade pecuarista, vem transformando o territorio da Campanha Gaucha, introduzindo novas tecnicas e costumes, via insercao de atores externos ao local. Tambem, procurou-se demonstrar as diferenciacoes existentes em assentamentos mais antigos e assentamentos mais recentes, vislumbradas desde a origem dos assentados, a infraestrutura consolidada do local, ate as suas praticas produtivas. Contudo, torna-se clara a importância da conquista da “nova terra”, ou do “novo territorio”, assim como a importância que a participacao em um movimento social teve durante todo esse processo de reterritorializacao que envolve uma forte adaptacao dos individuos ao seu novo territorio, adaptacao essa que muitas vezes requer a recriacao de espacos de vidas, ou seja, a importacao de elementos, costumes e praticas de um antigo territorio aliadas a implantacoes de novas praticas e experiencias adquiridas ao longo do processo territorializante.