No contexto da instabilidade económica global, o controlo dos défices governamentais e da dívida pública tornou-se uma questão importante para os governos de todo o mundo. Particularmente na União Europeia (UE), o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) visa fornecer um quadro para garantir que os estados membros mantenham a disciplina fiscal no âmbito da União Económica e Monetária (UEM). Este acordo não abrange apenas a situação orçamental dos Estados-Membros, mas também envolve regulamentos complexos e mecanismos de supervisão destinados a garantir a estabilidade económica da área do euro.
De acordo com o PEC, cada país membro deve manter um défice público não superior a 3% do PIB e uma dívida pública não superior a 60% do PIB.
Desde que o Pacto de Estabilidade e Crescimento foi formulado em 1997, este sofreu muitas reformas. A mais recente é a “cláusula de salvaguarda geral” desencadeada de 2020 a 2023 devido à nova epidemia da coroa e à subsequente situação na Ucrânia, permitindo que alguns Estados-Membros respondam às pressões financeiras de forma mais flexível. No entanto, o levantamento temporário desta cláusula não elimina o desafio fundamental, uma vez que alguns países europeus ainda enfrentam a pressão do aumento da dívida. Isto faz-nos pensar, face aos choques económicos globais, serão as estratégias de controlo do défice governamental e da dívida pública suficientes para lidar com potenciais crises económicas?
Após a crise da dívida soberana europeia em 2010, a maioria dos estados membros manifestou apoio à assinatura do Pacto Fiscal (tratado de austeridade fiscal), com o objetivo de fortalecer a estratégia fiscal da Europa. Este acordo não só exige que os Estados-Membros incorporem estratégias fiscais na sua legislação nacional, mas também promove uma disciplina orçamental mais forte. Neste quadro, espera-se que os governos alcancem saldos ou excedentes orçamentais.
Este novo regulamento exige que os défices governamentais dos Estados-Membros não excedam 3% do PIB e que os défices estruturais sejam limitados aos objectivos orçamentais nacionais de médio prazo (OMP).
Em 2023, descobriu-se que 16 dos 27 estados membros da União Europeia violaram os padrões do PEC ao avaliarem os seus resultados fiscais de 2022 e os orçamentos de 2023. Estas infrações foram isentas em circunstâncias especiais, impedindo a instauração do novo Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Mas será esta flexibilidade suficiente para garantir a estabilidade económica a longo prazo? Será que as futuras necessidades económicas forçarão estes países a rever as suas políticas orçamentais face a novos desafios tecnológicos e circunstâncias geopolíticas?
Confrontada com vários desafios, a UE precisa de continuar a ajustar o seu orçamento e a governação da política fiscal. A nova reforma do PEC prevista para 2024 introduzirá mais flexibilidade, acrescentando medidas do PDE que serão alargadas de quatro para sete anos, o que poderá dar aos países não cumpridores mais tempo para melhorarem as suas posições orçamentais. O efeito esperado desta disposição é uma melhor adaptação às condições económicas de cada país e uma melhor capacidade de resposta a potenciais crises no futuro.
No entanto, poderão estas reformas realmente garantir encargos fiscais adequados e promover a estabilidade económica sustentada? As pessoas não podem deixar de perguntar: como poderão os países europeus encontrar um equilíbrio entre a disciplina fiscal e o crescimento económico para que possam permanecer invencíveis numa economia global incerta?
Nos próximos dias, com a implementação de políticas relevantes da UE, o PEC e as suas reformas tornar-se-ão um indicador importante para observar a disciplina fiscal de vários países. Hoje, com a aceleração dos fluxos de capitais e o ambiente do comércio internacional em constante mudança, a forma como os países ajustam as suas estratégias orçamentais e enfrentam os desafios dos défices governamentais e da dívida pública terá um impacto profundo em toda a economia europeia.
Num mundo cada vez mais interligado, confrontado com défices governamentais e dívida pública, poderá a Europa criar uma situação colaborativa e vantajosa para continuar a garantir a estabilidade económica e a prosperidade?