Permeabilidade intestinal é um termo que descreve o processo pelo qual as substâncias passam do interior do trato gastrointestinal através das células que revestem o intestino para o resto do corpo. Um intestino humano saudável possui um certo nível de permeabilidade, que permite que os nutrientes passem através do intestino, mantendo a função de barreira para evitar que substâncias potencialmente nocivas, como antígenos, entrem no corpo a partir do intestino.
No intestino humano saudável, partículas menores que 4 Å podem passar através de poros de claudina fortemente acoplados, e os espaços entre as células podem acomodar partículas de 10 a 15 Å.
A barreira intestinal é formada pelo epitélio intestinal e separa o ambiente externo (o conteúdo da luz intestinal) do corpo. O epitélio intestinal é composto principalmente por uma camada de células e desempenha duas funções importantes: primeiro, impedir a entrada de substâncias nocivas, como antígenos estranhos, toxinas e microrganismos, segundo, atuar como um filtro seletivo para promover a absorção de nutrientes; água e outros nutrientes na dieta.
Esta permeabilidade seletiva é mediada principalmente por duas vias:
A permeabilidade intestinal é regulada por junções estreitas entre as células, e a ruptura desta barreira pode ser um gatilho para o desenvolvimento de doenças intestinais.
Uma forma pela qual a permeabilidade intestinal é regulada é através do receptor CXCR3 nas células epiteliais intestinais, que responde à zonulina. Uma glicoproteína do glúten, a gliadina, ativa essa via de sinalização, causando aumento da permeabilidade intestinal em todas as pessoas que comem glúten. Isso resulta ainda em moléculas macroscópicas que entram no intestino com mais facilidade.
Perturbações intestinais, como cólera, certos enterovírus, infecções parasitárias e pressão alta, podem alterar a estrutura e a função das junções estreitas intestinais e podem contribuir para o desenvolvimento de doenças intestinais crônicas.
Embora a maioria das pessoas não sinta desconforto significativo, a abertura de junções estreitas entre as células (aumento da permeabilidade intestinal) pode desencadear doenças que afetam qualquer órgão ou tecido. A permeabilidade intestinal aumentada está associada a condições como doença celíaca, síndrome do intestino irritável, diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, artrite reumatóide e doenças alérgicas.
Na maioria dos casos, o aumento da permeabilidade intestinal precede o desenvolvimento da doença, mas a relação de causa e efeito não é clara.
Tomando como exemplo a doença celíaca, o aumento da permeabilidade intestinal parece ser causado por uma resposta imunitária anormal desencadeada pelo glúten, que permite que o fragmento da proteína gliadina passe através do epitélio intestinal e desencadeie uma resposta imunitária na submucosa intestinal, levando assim a uma variedade de de doenças gastrointestinais ou não intestinais.
Na fisiologia normal, a glutamina desempenha um papel crítico de sinalização nos enterócitos da barreira intestinal, mas ainda não está claro se a suplementação de glutamina é benéfica no contexto do aumento da permeabilidade intestinal.
Foi demonstrado que alguns prebióticos e probióticos específicos, como E. coli Nissle 1917, reduzem significativamente o aumento da permeabilidade intestinal. Estudos também demonstraram que alguns medicamentos, como o acetato de larazotida, que atua como antagonista do receptor de zonulina, podem ser usados em combinação com uma dieta sem glúten no tratamento da doença celíaca para reduzir a permeabilidade intestinal induzida pelo glúten.
O estresse induzido pelo exercício reduz a função da barreira intestinal. Os níveis de atividade humana modulam o microbioma intestinal; aumentar a intensidade e a quantidade total de exercício pode levar à perturbação intestinal, enquanto a suplementação pode ajudar a manter a diversidade do microbioma intestinal.
Com a crescente conscientização sobre a saúde humana, a correlação entre a permeabilidade intestinal e várias doenças autoimunes tem atraído cada vez mais atenção. Este tópico não é apenas digno de uma discussão mais aprofundada, mas também um aspecto importante da dieta atual e da gestão da saúde. Mas à medida que a investigação nesta área se aprofunda, haverá orientações mais específicas para melhorar os problemas de permeabilidade intestinal no futuro?