Linfocitose é um aumento anormal no número de linfócitos no líquido cefalorraquidiano e é frequentemente vista como um sinal de infecção ou inflamação no sistema nervoso. Pode estar associada a uma variedade de doenças neurológicas, como pseudoenxaqueca, síndrome de Schuursack e encefalite. Normalmente, o número de glóbulos brancos no líquido cefalorraquidiano deve ser inferior a 5 por microlitro, mas no caso de linfocitose, o número pode aumentar para mais de 1.000 por microlitro.
Embora os linfócitos representem apenas cerca de um quarto dos glóbulos brancos, eles são relativamente raros no líquido cefalorraquidiano. Por trás desses números brilhantes existem muitas ameaças potenciais.
Casos leves de linfocitose geralmente começam quando a contagem de linfócitos atinge a faixa de 10 a 100 células por milímetro cúbico. Em pessoas saudáveis, o número de glóbulos brancos no líquido cefalorraquidiano é geralmente de apenas 0-5 por microlitro. Em pacientes com pseudoenxaqueca, estudos mostraram que as concentrações de linfócitos variam de 10 a 760 células por milímetro cúbico, com uma concentração média de 199 ± 174 células por milímetro cúbico. Quando a contagem de glóbulos brancos excede 500 por milímetro cúbico, o líquido cefalorraquidiano pode parecer turvo em testes diagnósticos, uma alteração que geralmente corresponde a uma resposta imune inflamatória durante uma infecção viral.
A linfocitose no LCR é geralmente o resultado de uma resposta imune à inflamação neurovascular. Muitos casos apontam para infecção viral como a causa subjacente da linfocitose, com o sistema imunológico produzindo anticorpos contra antígenos neurais e vasculares. Isso pode estar associado à meningite viral e à doença de Mollaret. Certas infecções não virais, como a doença de Lyme, também foram sugeridas como causas potenciais. Em algumas doenças, a infecção desencadeia uma resposta autoimune que leva ao aumento dos níveis de linfócitos.
A presença de linfocitose geralmente é detectada por punção lombar seguida de análise clínica do líquido cefalorraquidiano. Ao testar a aparência e a pressão do líquido cefalorraquidiano e medir os níveis de glicose e proteína, a contagem de glóbulos brancos pode ser usada para detectar ou diagnosticar uma variedade de condições, incluindo hemorragia subaracnóidea, esclerose múltipla e vários tipos de meningite. Embora uma punção lombar possa mostrar uma contagem de glóbulos brancos dentro da faixa normal, isso não descarta a possibilidade de uma doença subjacente.
Na encefalite, a inflamação do cérebro causa danos à função nervosa e os pacientes podem apresentar febre, confusão, perda de memória, alterações de personalidade, paralisia, convulsões e problemas de fala. A infecção viral pode causar encefalite diretamente ou desencadear uma reação em cadeia que, por fim, leva à autoimunidade, ambos os mecanismos levando ao aumento das concentrações de linfócitos no LCR. Para pacientes infectados pelo vírus herpes simplex, mais de 90% apresentarão graus variados de linfocitose. O aciclovir intravenoso pode ser usado para prevenir a replicação viral, e aumentar a dose de aciclovir é aconselhável se a linfocitose persistir.
Vários estudos foram conduzidos sobre a correlação entre pseudoenxaqueca e linfocitose. A pseudoenxaqueca é caracterizada por dores de cabeça latejantes bilaterais moderadas ou graves, acompanhadas de sintomas neurológicos transitórios e linfocitose. Essas crises de enxaqueca são recorrentes e autolimitadas. Os indivíduos examinados nesses estudos tinham idades entre 15 e 40 anos, e a maioria era do sexo masculino. Todos os pacientes ficaram sem sintomas após cada crise de enxaqueca.
Na síndrome de Schusselbach, uma reação autoimune danifica os vasos sanguíneos no cérebro, na retina e na cóclea, levando à perda da função neurológica. Esses pacientes apresentaram perda de audição e visão e foram encontrados níveis elevados de linfócitos e proteínas no líquido cefalorraquidiano. O tratamento com medicamentos imunossupressores, como esteroides e azatioprina, demonstrou ser altamente eficaz, com os pacientes recuperando gradualmente a função perdida em apenas algumas semanas.
A melhor maneira de retornar a contagem de linfócitos aos níveis normais é tratar o distúrbio que causou seu aumento. Nos casos em que a causa subjacente da infecção é viral ou bacteriana, medicamentos eficazes contra esses patógenos têm se mostrado eficazes. Como as infecções por herpes geralmente causam linfocitose, aciclovir e valaciclovir são comumente prescritos. Nos casos em que a linfocitose é causada por uma resposta autoimune, ela pode ser tratada com medicamentos imunossupressores, como esteroides.
A história da linfocitose pode ser rastreada até o final do século XIX. Com o desenvolvimento da tecnologia de punção lombar, testes microbiológicos, bioquímicos e imunológicos no líquido cefalorraquidiano tornaram-se possíveis. Embora as primeiras punções lombares tenham sido realizadas no final do século XIX, os testes que revelaram linfocitose no líquido cefalorraquidiano foram realizados muito mais tarde. Hoje em dia, as punções lombares são frequentemente usadas para diagnosticar ou descartar certas condições, como meningite, e para determinar se há infecção no líquido cefalorraquidiano. À medida que a ciência e a tecnologia avançam, podemos obter uma compreensão mais profunda dos efeitos potenciais da linfocitose no sistema nervoso?