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Featured researches published by Sabrina Dal Ongaro Savegnago.


Cadernos De Pesquisa | 2013

Conversando sobre sexualidade na família: olhares de meninas de grupos populares

Sabrina Dal Ongaro Savegnago; Dorian Mônica Arpini

Este estudo objetivou conhecer o entendimento de adolescentes de grupos populares sobre a possibilidade de conversar a respeito de sexualidade na familia. Realizaram-se grupos focais com meninas de duas escolas de ensino fundamental de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados, apos analise de conteudo, apontam que a sexualidade e pouco tratada na familia, pois os pais tem dificuldades para tanto, lancando mao de estrategias para se desvencilharem do assunto. Perante o silencio dos pais, as adolescentes buscam outras fontes de informacao e dialogo, sendo a principal delas os amigos. Apesar da complexidade do tema, as adolescentes demonstram desejo de saber sobre o assunto. Destaca-se a importância de programas de intervencao que visem trabalhar com pais a possibilidade de abertura para o dialogo sobre o tema.This study investigated how adolescents in lower class groups view the possibility of talking about sexuality in the family. Focus groups were held with girls from two elementary schools in a city in the inland of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. After a content analysis results indicated that sexuality is hardly treated in the family because parents find it difficult to discuss it; they resort to strategies to evade the subject. Given their parents’ silence, the adolescents seek other sources of information and dialogue, mainly their friends. Despite the complexity of the subject, adolescents demonstrate a desire to learn about it. This study highlights the relevance of intervention programs that aim to work with parents on the possibility of establishing a dialogue about the subject. ADOLESCENTS • FAMILY • SEXUALITY [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 925 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 6 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 A ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE ADOLESCÊNCIA É UM PERÍODO DE MUDANÇAS profundas e bruscas, as quais são acionadas por uma interação de fatores biológicos, psíquicos, sociais e culturais Em um curto espaço de tempo, o adolescente se percebe diante de novas relações consigo mesmo, com seus familiares, com o ambiente no qual está inserido e com outros adolescentes (TAKIUTI, 1997). Uma das transformações mais significativas dessa fase é o desenvolvimento da maturidade genital e a possibilidade do exercício da sexualidade genital (RAPPAPORT, 1993). Para a psicanálise, a adolescência constitui a etapa final da fase genital, quarta fase de desenvolvimento psicossexual, a qual foi precedida pelo período de latência (BLOS, 1998). O aparecimento de caracteres sexuais secundários coloca o adolescente diante da evidência de seu novo status e da perda do corpo infantil. O surgimento da menstruação na menina e do sêmen no menino, duas funções fisiológicas que amadurecem nesse período, sinalizam a presença da genitalidade, que lhes impõe o papel que deverão adotar na união com o parceiro e na procriação (ABERASTURY, 2007; KNOBEL, 2007). O adolescente realizará modificações subjetivas para dar conta das transformações que levam à maturidade genital e ao exercício da sexualidade genital, e para lidar com as mudanças na relação com o Outro delas decorrentes (RAPPAPORT, 1993). Cabe a ele ajustar-se às novas condições interiores e exteriores que lhe são impostas (BLOS, 1998). No momento em que o adolescente aceita a sua genitalidade, ele começa a procura por um parceiro, talvez de forma tímida, mas intensamente. Nessa fase do desenvolvimento, como observa Knobel (2007), há [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 926 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 7 uma oscilação entre a atividade masturbatória e os primeiros contatos genitais, que vão ficando cada vez mais profundos e mais íntimos, mas ainda têm um caráter mais exploratório e preparatório. É nessa etapa da organização da sexualidade humana, segundo Freud (1972), que surge a possibilidade de reprodução, do encontro com o outro sexo, e esse processo de escolha objetal, que se inicia então, acontecerá, de alguma forma, seguindo os vestígios deixados pelas relações iniciais da infância. Blos (1998) assinala que a primeira infância e a puberdade são dois períodos cruciais no desenvolvimento da sexualidade, ambos apoiados em funções fisiológicas, a saber, a lactância na primeira infância e a maturação genital na puberdade. Ele se refere a um “desenvolvimento sexual bifásico” (BLOS, 1998, p. 19) do indivíduo, já que o avanço rumo à afirmação genital na adolescência é a continuidade de um desenvolvimento que foi temporariamente detido durante a latência. Assim, tendo em vista que a sexualidade é uma parte significativa da vivência dos adolescentes, uma vez que nesse momento ocorre um “redespertar” da sexualidade, é de fundamental importância que o tema seja abordado no contexto familiar. ADOLESCÊNCIA, FAMÍLIA E SEXUALIDADE As modificações psicológicas que acontecem nessa época, as quais estão diretamente associadas às transformações corporais, geram uma nova relação do adolescente com os pais e com o mundo (ABERASTURY, 2007). Como refere a autora, a adolescência é um período doloroso e confuso, marcado por muitas contradições, ambivalências e por atritos com a família e o meio social. Tal situação muitas vezes é confundida com crises e estados patológicos. Quando o adolescente começa a demonstrar interesse sexual, é comum que os familiares se sintam confusos e assustados (PRETO, 1995). Para Aberastury (2007), o mundo dos adultos pode ser visto pelo adolescente como desejado e, ao mesmo tempo, temido. Ao entrar nesse mundo, ele perde definitivamente sua condição de criança. A adolescência é um período crucial na vida do ser humano, um momento decisivo do processo de amadurecimento que se iniciou no nascimento. Para se desprender do mundo infantil e enfrentar o mundo adulto o adolescente deve elaborar três lutos fundamentais, segundo a autora: “o luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância” (ABERASTURY, 2007, p. 13). Ela lembra que os pais podem se sentir rejeitados diante do surgimento e da expressão da genitalidade no adolescente, e ter dificuldade para aceitar o amadurecimento deste. Existe uma preocupação dos pais com os filhos perante os problemas da sociedade atual, mas eles não se sentem preparados para [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 927 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 8 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 debater e conversar a respeito de questões relacionadas à sexualidade por considerá-las delicadas – o que os distancia dos filhos adolescentes. Muitos acreditam que os professores estão mais preparados do que eles para trabalhar o tema da sexualidade com os adolescentes, e por isso delegam à escola essa tarefa (CANO; FERRIANI, 2000, VALDÉS, 2005; BARBOSA; COSTA; VIEIRA, 2008). Borges, Latorre e Schor (2007) realizaram um estudo com 383 adolescentes, que teve como objetivo analisar os aspectos individuais e familiares relacionados ao início da vida sexual. Eles verificaram que há uma baixa proporção de adolescentes que afirmam ter espaço para conversar com os pais sobre assuntos relativos a sexo e que existe maior abertura com a mãe do que com o pai. Um estudo anterior, realizado por Bozon e Heilborn (2006), também constatou que a comunicação familiar referente a sexualidade e reprodução é feita principalmente pelas mães, as quais transmitem para os filhos e filhas as primeiras informações sobre gravidez e contracepção. Segundo Brandão (2004), os pais têm pouca habilidade para o diálogo, muitos são distantes do dia a dia dos filhos, ou não são disponíveis para negociações familiares, o que dificulta a comunicação voltada para o tema da sexualidade. Segundo pesquisa realizada por Duque-Arrazola (1997) com adolescentes de grupos populares, estes afirmam não falar sobre sexo com os familiares, mas sim com os amigos. Da mesma forma, Borges, Nichiata e Schor (2006) constataram em seus estudos que as pessoas com quem os adolescentes conversam sobre sexo com mais frequência são os amigos. Bozon e Heilborn (2006) verificaram em sua pesquisa que quanto mais elevado o nível social dos jovens, mais aparece a busca da família como fonte de informação no que diz respeito à vida sexual e reprodutiva. Os autores também constataram que as jovens de grupos populares buscavam mais informações junto às amigas e, em segundo lugar, junto à mãe e à escola (BOZON; HEILBORN, 2006). Segundo Aquino et al. (2006), num estudo que fez parte de uma pesquisa que abrangeu 4.634 participantes de 18 a 24 anos, com o objetivo de investigar os comportamentos sexuais e reprodutivos de jovens brasileiros, os índices de gravidez na adolescência entre as mulheres que afirmaram ter sido providas de informações pelos pais ou pela escola foram mais baixos do que entre aquelas que não receberam estas informações. De acordo com os autores, “o modo como são veiculadas as primeiras informações sobre sexo, gravidez e contracepção situa os indivíduos em diferentes perfis de socialização, com consequências para suas trajetórias reprodutivas” (AQUINO et al., 2006, p. 322). Brandão (2004) observa que as conversas sobre sexualidade na família mostram-se ainda pouco explícitas. “Tomam formas indiretas, pouco palpáveis, permeadas de reticências, advertências, reprimendas” [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 928 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 9 (p. 80). Raramente as famílias conseguem tratar deste assunto com os filhos de forma direta, direcionada para as vivências desses indivíduos. Em geral, os assuntos são abordados indiretamente. Por exemplo, fala-se de maneira genérica da sexualidade, dos métodos anticoncepcionais, da AIDS, como se esses elementos não estivessem próximos das experiências dos filhos. Muitas vezes essas conversas são apoiadas em fatores externos, como na experiência de outras pessoas, em reportagens, filmes, entre outros. Ou seja, a experiência do adolescente não é levada em consideração. Ainda assim, segundo a autora, é comum os pais afirmarem que, apesar das dificuldades, eles conversam com seus filhos muito mais do que, quando adolescentes, conversavam com seus próprios pais. Segundo Takiuti (1997), os adolescentes necessitam dialogar, conversar, ouvir e expor suas dúvidas, opiniões, críticas


Psicologia: Ciência e Profissão | 2015

Significados Atribuídos por Mães Acerca do Acolhimento Institucional, Reintegração e Rede de Atendimento

Patricia Jovasque Rocha; Dorian Mônica Arpini; Sabrina Dal Ongaro Savegnago

Based on interviews with mothers of reintegrated children and adolescents, this research aimed to learn about their experience with the work carried out by the assistance network during the process of protection measures and reintegration. Data were analyzed using Content Analysis. Results indicate that mothers, children and adolescents received assistance from the technical teams (psychologists and social workers) of residential care institutions and the professionals of networks throughout the period of protection measures, and after reinsertion. The families evaluated positively the assistance received, recognizing its importance to the process of family reintegration. Results evidence that participants recognize changes regarding the residential care after Law 12.010, especially related to the family/institution closeness. Final considerations suggest the need for further studies to address specificities of the Brazilian reality without losing sight of the national parameters.


Psicol. rev. (Belo Horizonte) | 2015

Intervenções precoces na infância: observando a relação mãe-bebê em um serviço de saúde

Dorian Mônica Arpini; Edinara Zanatta; Rafaela Quintana Marchesan; Sabrina Dal Ongaro Savegnago; Pedro Henrique Bernardi

Este artigo tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas emum projeto de extensao. Tal projeto visa a observar a relacao entre criancasde 0 a 2 anos e suas maes nos atendimentos realizados pelo Programa daCrianca em uma Unidade Basica de Saude, com o intuito de detectarpossiveis riscos ao desenvolvimento infantil de modo precoce. Utilizaseda tecnica de observacao, tendo por base os Indicadores Clinicos deRisco ao Desenvolvimento Infantil (IRDI). Caso se identifiquem riscosao desenvolvimento, sao utilizados outros recursos tecnicos que podemincluir entrevistas de orientacoes aos familiares e encaminhamentos arede de atendimentos especializados. Os resultados alcancados indicam aimportância do vinculo entre a equipe e os usuarios, a maior atencao asdiades e suas relacoes afetivas e a possibilidade de deteccao precoce dasproblematicas envolvendo os aspectos emocionais. Por fim, destaca-se a acaointerdisciplinar e a atuacao da Psicologia na promocao de saude.


Cadernos De Pesquisa | 2013

Conversando sobre sexualidad en la familia: miradas de niñas de grupos populares

Sabrina Dal Ongaro Savegnago; Dorian Mônica Arpini

Este estudo objetivou conhecer o entendimento de adolescentes de grupos populares sobre a possibilidade de conversar a respeito de sexualidade na familia. Realizaram-se grupos focais com meninas de duas escolas de ensino fundamental de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados, apos analise de conteudo, apontam que a sexualidade e pouco tratada na familia, pois os pais tem dificuldades para tanto, lancando mao de estrategias para se desvencilharem do assunto. Perante o silencio dos pais, as adolescentes buscam outras fontes de informacao e dialogo, sendo a principal delas os amigos. Apesar da complexidade do tema, as adolescentes demonstram desejo de saber sobre o assunto. Destaca-se a importância de programas de intervencao que visem trabalhar com pais a possibilidade de abertura para o dialogo sobre o tema.This study investigated how adolescents in lower class groups view the possibility of talking about sexuality in the family. Focus groups were held with girls from two elementary schools in a city in the inland of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. After a content analysis results indicated that sexuality is hardly treated in the family because parents find it difficult to discuss it; they resort to strategies to evade the subject. Given their parents’ silence, the adolescents seek other sources of information and dialogue, mainly their friends. Despite the complexity of the subject, adolescents demonstrate a desire to learn about it. This study highlights the relevance of intervention programs that aim to work with parents on the possibility of establishing a dialogue about the subject. ADOLESCENTS • FAMILY • SEXUALITY [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 925 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 6 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 A ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE ADOLESCÊNCIA É UM PERÍODO DE MUDANÇAS profundas e bruscas, as quais são acionadas por uma interação de fatores biológicos, psíquicos, sociais e culturais Em um curto espaço de tempo, o adolescente se percebe diante de novas relações consigo mesmo, com seus familiares, com o ambiente no qual está inserido e com outros adolescentes (TAKIUTI, 1997). Uma das transformações mais significativas dessa fase é o desenvolvimento da maturidade genital e a possibilidade do exercício da sexualidade genital (RAPPAPORT, 1993). Para a psicanálise, a adolescência constitui a etapa final da fase genital, quarta fase de desenvolvimento psicossexual, a qual foi precedida pelo período de latência (BLOS, 1998). O aparecimento de caracteres sexuais secundários coloca o adolescente diante da evidência de seu novo status e da perda do corpo infantil. O surgimento da menstruação na menina e do sêmen no menino, duas funções fisiológicas que amadurecem nesse período, sinalizam a presença da genitalidade, que lhes impõe o papel que deverão adotar na união com o parceiro e na procriação (ABERASTURY, 2007; KNOBEL, 2007). O adolescente realizará modificações subjetivas para dar conta das transformações que levam à maturidade genital e ao exercício da sexualidade genital, e para lidar com as mudanças na relação com o Outro delas decorrentes (RAPPAPORT, 1993). Cabe a ele ajustar-se às novas condições interiores e exteriores que lhe são impostas (BLOS, 1998). No momento em que o adolescente aceita a sua genitalidade, ele começa a procura por um parceiro, talvez de forma tímida, mas intensamente. Nessa fase do desenvolvimento, como observa Knobel (2007), há [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 926 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 7 uma oscilação entre a atividade masturbatória e os primeiros contatos genitais, que vão ficando cada vez mais profundos e mais íntimos, mas ainda têm um caráter mais exploratório e preparatório. É nessa etapa da organização da sexualidade humana, segundo Freud (1972), que surge a possibilidade de reprodução, do encontro com o outro sexo, e esse processo de escolha objetal, que se inicia então, acontecerá, de alguma forma, seguindo os vestígios deixados pelas relações iniciais da infância. Blos (1998) assinala que a primeira infância e a puberdade são dois períodos cruciais no desenvolvimento da sexualidade, ambos apoiados em funções fisiológicas, a saber, a lactância na primeira infância e a maturação genital na puberdade. Ele se refere a um “desenvolvimento sexual bifásico” (BLOS, 1998, p. 19) do indivíduo, já que o avanço rumo à afirmação genital na adolescência é a continuidade de um desenvolvimento que foi temporariamente detido durante a latência. Assim, tendo em vista que a sexualidade é uma parte significativa da vivência dos adolescentes, uma vez que nesse momento ocorre um “redespertar” da sexualidade, é de fundamental importância que o tema seja abordado no contexto familiar. ADOLESCÊNCIA, FAMÍLIA E SEXUALIDADE As modificações psicológicas que acontecem nessa época, as quais estão diretamente associadas às transformações corporais, geram uma nova relação do adolescente com os pais e com o mundo (ABERASTURY, 2007). Como refere a autora, a adolescência é um período doloroso e confuso, marcado por muitas contradições, ambivalências e por atritos com a família e o meio social. Tal situação muitas vezes é confundida com crises e estados patológicos. Quando o adolescente começa a demonstrar interesse sexual, é comum que os familiares se sintam confusos e assustados (PRETO, 1995). Para Aberastury (2007), o mundo dos adultos pode ser visto pelo adolescente como desejado e, ao mesmo tempo, temido. Ao entrar nesse mundo, ele perde definitivamente sua condição de criança. A adolescência é um período crucial na vida do ser humano, um momento decisivo do processo de amadurecimento que se iniciou no nascimento. Para se desprender do mundo infantil e enfrentar o mundo adulto o adolescente deve elaborar três lutos fundamentais, segundo a autora: “o luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância” (ABERASTURY, 2007, p. 13). Ela lembra que os pais podem se sentir rejeitados diante do surgimento e da expressão da genitalidade no adolescente, e ter dificuldade para aceitar o amadurecimento deste. Existe uma preocupação dos pais com os filhos perante os problemas da sociedade atual, mas eles não se sentem preparados para [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 927 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 8 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 debater e conversar a respeito de questões relacionadas à sexualidade por considerá-las delicadas – o que os distancia dos filhos adolescentes. Muitos acreditam que os professores estão mais preparados do que eles para trabalhar o tema da sexualidade com os adolescentes, e por isso delegam à escola essa tarefa (CANO; FERRIANI, 2000, VALDÉS, 2005; BARBOSA; COSTA; VIEIRA, 2008). Borges, Latorre e Schor (2007) realizaram um estudo com 383 adolescentes, que teve como objetivo analisar os aspectos individuais e familiares relacionados ao início da vida sexual. Eles verificaram que há uma baixa proporção de adolescentes que afirmam ter espaço para conversar com os pais sobre assuntos relativos a sexo e que existe maior abertura com a mãe do que com o pai. Um estudo anterior, realizado por Bozon e Heilborn (2006), também constatou que a comunicação familiar referente a sexualidade e reprodução é feita principalmente pelas mães, as quais transmitem para os filhos e filhas as primeiras informações sobre gravidez e contracepção. Segundo Brandão (2004), os pais têm pouca habilidade para o diálogo, muitos são distantes do dia a dia dos filhos, ou não são disponíveis para negociações familiares, o que dificulta a comunicação voltada para o tema da sexualidade. Segundo pesquisa realizada por Duque-Arrazola (1997) com adolescentes de grupos populares, estes afirmam não falar sobre sexo com os familiares, mas sim com os amigos. Da mesma forma, Borges, Nichiata e Schor (2006) constataram em seus estudos que as pessoas com quem os adolescentes conversam sobre sexo com mais frequência são os amigos. Bozon e Heilborn (2006) verificaram em sua pesquisa que quanto mais elevado o nível social dos jovens, mais aparece a busca da família como fonte de informação no que diz respeito à vida sexual e reprodutiva. Os autores também constataram que as jovens de grupos populares buscavam mais informações junto às amigas e, em segundo lugar, junto à mãe e à escola (BOZON; HEILBORN, 2006). Segundo Aquino et al. (2006), num estudo que fez parte de uma pesquisa que abrangeu 4.634 participantes de 18 a 24 anos, com o objetivo de investigar os comportamentos sexuais e reprodutivos de jovens brasileiros, os índices de gravidez na adolescência entre as mulheres que afirmaram ter sido providas de informações pelos pais ou pela escola foram mais baixos do que entre aquelas que não receberam estas informações. De acordo com os autores, “o modo como são veiculadas as primeiras informações sobre sexo, gravidez e contracepção situa os indivíduos em diferentes perfis de socialização, com consequências para suas trajetórias reprodutivas” (AQUINO et al., 2006, p. 322). Brandão (2004) observa que as conversas sobre sexualidade na família mostram-se ainda pouco explícitas. “Tomam formas indiretas, pouco palpáveis, permeadas de reticências, advertências, reprimendas” [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 928 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 9 (p. 80). Raramente as famílias conseguem tratar deste assunto com os filhos de forma direta, direcionada para as vivências desses indivíduos. Em geral, os assuntos são abordados indiretamente. Por exemplo, fala-se de maneira genérica da sexualidade, dos métodos anticoncepcionais, da AIDS, como se esses elementos não estivessem próximos das experiências dos filhos. Muitas vezes essas conversas são apoiadas em fatores externos, como na experiência de outras pessoas, em reportagens, filmes, entre outros. Ou seja, a experiência do adolescente não é levada em consideração. Ainda assim, segundo a autora, é comum os pais afirmarem que, apesar das dificuldades, eles conversam com seus filhos muito mais do que, quando adolescentes, conversavam com seus próprios pais. Segundo Takiuti (1997), os adolescentes necessitam dialogar, conversar, ouvir e expor suas dúvidas, opiniões, críticas


Cadernos De Pesquisa | 2013

Talking about sexuality in the family: views of girls in lower class groups

Sabrina Dal Ongaro Savegnago; Dorian Mônica Arpini

Este estudo objetivou conhecer o entendimento de adolescentes de grupos populares sobre a possibilidade de conversar a respeito de sexualidade na familia. Realizaram-se grupos focais com meninas de duas escolas de ensino fundamental de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados, apos analise de conteudo, apontam que a sexualidade e pouco tratada na familia, pois os pais tem dificuldades para tanto, lancando mao de estrategias para se desvencilharem do assunto. Perante o silencio dos pais, as adolescentes buscam outras fontes de informacao e dialogo, sendo a principal delas os amigos. Apesar da complexidade do tema, as adolescentes demonstram desejo de saber sobre o assunto. Destaca-se a importância de programas de intervencao que visem trabalhar com pais a possibilidade de abertura para o dialogo sobre o tema.This study investigated how adolescents in lower class groups view the possibility of talking about sexuality in the family. Focus groups were held with girls from two elementary schools in a city in the inland of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. After a content analysis results indicated that sexuality is hardly treated in the family because parents find it difficult to discuss it; they resort to strategies to evade the subject. Given their parents’ silence, the adolescents seek other sources of information and dialogue, mainly their friends. Despite the complexity of the subject, adolescents demonstrate a desire to learn about it. This study highlights the relevance of intervention programs that aim to work with parents on the possibility of establishing a dialogue about the subject. ADOLESCENTS • FAMILY • SEXUALITY [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 925 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 6 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 A ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE ADOLESCÊNCIA É UM PERÍODO DE MUDANÇAS profundas e bruscas, as quais são acionadas por uma interação de fatores biológicos, psíquicos, sociais e culturais Em um curto espaço de tempo, o adolescente se percebe diante de novas relações consigo mesmo, com seus familiares, com o ambiente no qual está inserido e com outros adolescentes (TAKIUTI, 1997). Uma das transformações mais significativas dessa fase é o desenvolvimento da maturidade genital e a possibilidade do exercício da sexualidade genital (RAPPAPORT, 1993). Para a psicanálise, a adolescência constitui a etapa final da fase genital, quarta fase de desenvolvimento psicossexual, a qual foi precedida pelo período de latência (BLOS, 1998). O aparecimento de caracteres sexuais secundários coloca o adolescente diante da evidência de seu novo status e da perda do corpo infantil. O surgimento da menstruação na menina e do sêmen no menino, duas funções fisiológicas que amadurecem nesse período, sinalizam a presença da genitalidade, que lhes impõe o papel que deverão adotar na união com o parceiro e na procriação (ABERASTURY, 2007; KNOBEL, 2007). O adolescente realizará modificações subjetivas para dar conta das transformações que levam à maturidade genital e ao exercício da sexualidade genital, e para lidar com as mudanças na relação com o Outro delas decorrentes (RAPPAPORT, 1993). Cabe a ele ajustar-se às novas condições interiores e exteriores que lhe são impostas (BLOS, 1998). No momento em que o adolescente aceita a sua genitalidade, ele começa a procura por um parceiro, talvez de forma tímida, mas intensamente. Nessa fase do desenvolvimento, como observa Knobel (2007), há [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 926 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 7 uma oscilação entre a atividade masturbatória e os primeiros contatos genitais, que vão ficando cada vez mais profundos e mais íntimos, mas ainda têm um caráter mais exploratório e preparatório. É nessa etapa da organização da sexualidade humana, segundo Freud (1972), que surge a possibilidade de reprodução, do encontro com o outro sexo, e esse processo de escolha objetal, que se inicia então, acontecerá, de alguma forma, seguindo os vestígios deixados pelas relações iniciais da infância. Blos (1998) assinala que a primeira infância e a puberdade são dois períodos cruciais no desenvolvimento da sexualidade, ambos apoiados em funções fisiológicas, a saber, a lactância na primeira infância e a maturação genital na puberdade. Ele se refere a um “desenvolvimento sexual bifásico” (BLOS, 1998, p. 19) do indivíduo, já que o avanço rumo à afirmação genital na adolescência é a continuidade de um desenvolvimento que foi temporariamente detido durante a latência. Assim, tendo em vista que a sexualidade é uma parte significativa da vivência dos adolescentes, uma vez que nesse momento ocorre um “redespertar” da sexualidade, é de fundamental importância que o tema seja abordado no contexto familiar. ADOLESCÊNCIA, FAMÍLIA E SEXUALIDADE As modificações psicológicas que acontecem nessa época, as quais estão diretamente associadas às transformações corporais, geram uma nova relação do adolescente com os pais e com o mundo (ABERASTURY, 2007). Como refere a autora, a adolescência é um período doloroso e confuso, marcado por muitas contradições, ambivalências e por atritos com a família e o meio social. Tal situação muitas vezes é confundida com crises e estados patológicos. Quando o adolescente começa a demonstrar interesse sexual, é comum que os familiares se sintam confusos e assustados (PRETO, 1995). Para Aberastury (2007), o mundo dos adultos pode ser visto pelo adolescente como desejado e, ao mesmo tempo, temido. Ao entrar nesse mundo, ele perde definitivamente sua condição de criança. A adolescência é um período crucial na vida do ser humano, um momento decisivo do processo de amadurecimento que se iniciou no nascimento. Para se desprender do mundo infantil e enfrentar o mundo adulto o adolescente deve elaborar três lutos fundamentais, segundo a autora: “o luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância” (ABERASTURY, 2007, p. 13). Ela lembra que os pais podem se sentir rejeitados diante do surgimento e da expressão da genitalidade no adolescente, e ter dificuldade para aceitar o amadurecimento deste. Existe uma preocupação dos pais com os filhos perante os problemas da sociedade atual, mas eles não se sentem preparados para [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 927 19/02/2014 11:26:31 C O N V E R S A N D O S O B R E S E X U A L ID A D E N A F A M ÍL IA : O L H A R E S D E M E N IN A S D E G R U P O S P O P U L A R E S 9 2 8 C a d e r n o s d e P e s q u is a v .4 3 n .1 5 0 p .9 2 4 -9 4 7 s e t. /d e z . 2 0 13 debater e conversar a respeito de questões relacionadas à sexualidade por considerá-las delicadas – o que os distancia dos filhos adolescentes. Muitos acreditam que os professores estão mais preparados do que eles para trabalhar o tema da sexualidade com os adolescentes, e por isso delegam à escola essa tarefa (CANO; FERRIANI, 2000, VALDÉS, 2005; BARBOSA; COSTA; VIEIRA, 2008). Borges, Latorre e Schor (2007) realizaram um estudo com 383 adolescentes, que teve como objetivo analisar os aspectos individuais e familiares relacionados ao início da vida sexual. Eles verificaram que há uma baixa proporção de adolescentes que afirmam ter espaço para conversar com os pais sobre assuntos relativos a sexo e que existe maior abertura com a mãe do que com o pai. Um estudo anterior, realizado por Bozon e Heilborn (2006), também constatou que a comunicação familiar referente a sexualidade e reprodução é feita principalmente pelas mães, as quais transmitem para os filhos e filhas as primeiras informações sobre gravidez e contracepção. Segundo Brandão (2004), os pais têm pouca habilidade para o diálogo, muitos são distantes do dia a dia dos filhos, ou não são disponíveis para negociações familiares, o que dificulta a comunicação voltada para o tema da sexualidade. Segundo pesquisa realizada por Duque-Arrazola (1997) com adolescentes de grupos populares, estes afirmam não falar sobre sexo com os familiares, mas sim com os amigos. Da mesma forma, Borges, Nichiata e Schor (2006) constataram em seus estudos que as pessoas com quem os adolescentes conversam sobre sexo com mais frequência são os amigos. Bozon e Heilborn (2006) verificaram em sua pesquisa que quanto mais elevado o nível social dos jovens, mais aparece a busca da família como fonte de informação no que diz respeito à vida sexual e reprodutiva. Os autores também constataram que as jovens de grupos populares buscavam mais informações junto às amigas e, em segundo lugar, junto à mãe e à escola (BOZON; HEILBORN, 2006). Segundo Aquino et al. (2006), num estudo que fez parte de uma pesquisa que abrangeu 4.634 participantes de 18 a 24 anos, com o objetivo de investigar os comportamentos sexuais e reprodutivos de jovens brasileiros, os índices de gravidez na adolescência entre as mulheres que afirmaram ter sido providas de informações pelos pais ou pela escola foram mais baixos do que entre aquelas que não receberam estas informações. De acordo com os autores, “o modo como são veiculadas as primeiras informações sobre sexo, gravidez e contracepção situa os indivíduos em diferentes perfis de socialização, com consequências para suas trajetórias reprodutivas” (AQUINO et al., 2006, p. 322). Brandão (2004) observa que as conversas sobre sexualidade na família mostram-se ainda pouco explícitas. “Tomam formas indiretas, pouco palpáveis, permeadas de reticências, advertências, reprimendas” [10] CP 150 Savegnago Arpini.indd 928 19/02/2014 11:26:31 S a b in a D a l O n g a ro S ve g n a g o e D o ia n M ô n ic a A rp in i C a d e r n o s d e P e s q u is a .4 3 n 15 0 p .9 2 4 -9 4 7 se t./d e z . 2 0 13 9 2 9 (p. 80). Raramente as famílias conseguem tratar deste assunto com os filhos de forma direta, direcionada para as vivências desses indivíduos. Em geral, os assuntos são abordados indiretamente. Por exemplo, fala-se de maneira genérica da sexualidade, dos métodos anticoncepcionais, da AIDS, como se esses elementos não estivessem próximos das experiências dos filhos. Muitas vezes essas conversas são apoiadas em fatores externos, como na experiência de outras pessoas, em reportagens, filmes, entre outros. Ou seja, a experiência do adolescente não é levada em consideração. Ainda assim, segundo a autora, é comum os pais afirmarem que, apesar das dificuldades, eles conversam com seus filhos muito mais do que, quando adolescentes, conversavam com seus próprios pais. Segundo Takiuti (1997), os adolescentes necessitam dialogar, conversar, ouvir e expor suas dúvidas, opiniões, críticas


Revista Psicologia - Teoria e Prática | 2012

Trauma psíquico e abuso sexual: o olhar de meninas em situação de vulnerabilidade

Dorian Mônica Arpini; Aline Cardoso Siqueira; Sabrina Dal Ongaro Savegnago


Aletheia | 2011

Família e abuso sexual na perspectiva de adolescentes em situação de vulnerabilidade social

Aline Cardoso Siqueira; Dorian Mônica Arpini; Sabrina Dal Ongaro Savegnago


Arquivos Brasileiros de Psicologia | 2015

Acolhimento institucional: percepções de familiares que o vivenciaram

Patricia Jovasque Rocha; Dorian Mônica Arpini; Sabrina Dal Ongaro Savegnago


Psicologia Argumento | 2014

Diálogos sobre sexualidade na família: reflexões a partir do discurso de meninas

Sabrina Dal Ongaro Savegnago; Dorian Mônica Arpini


Psicologia: teoria e prática | 2012

Trauma psíquico y abuso sexual: la visión de niñas en situación de vulnerabilidad

Dorian Mônica Arpini; Aline Cardoso Siqueira; Sabrina Dal Ongaro Savegnago

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